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A introdução e a expansão do eucalipto em Portugal

Authors:
Capítulo 1o
A introdução e a expansão
do eucalipto em Portugal
António Monteiro Alves,
João Santos Pereira e João M. Neves Silva*
Departamento de Engenharia Florestal,
Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa.
E-mail: aamalves@isa.utl.pt; jspereira@isa.utl.pt
* Actualmente no Instituto de Investigação Científica Tropical
E-mail: joaonevessilva@gmail.com
*
Capítulo 1
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O eucalipto (Eucalyptus globulus Labill.) assume um papel relevante no qua-
dro da actividade económica portuguesa, não pela importância da área ocu-
pada e da elevada rendibilidade da sua cultura, mas igualmente pelo signicado
macroeconómico da produção a que dá origem, constituindo a matéria-prima de
um dos principais sectores industriais da economia do país, a indústria de pasta
para papel, com participação proeminente na balança comercial externa. Trata-se
de uma espécie introduzida pertencente ao género botânico Eucalyptus. Este gé-
nero engloba um grande número de espécies adaptadas a uma larga variedade de
condições no seu continente de origem – a Austrália – desde a oresta tropical
húmida até aos habitats subalpinos (Whitehead & Beadle, 2004). A espécie
Eucalyptus globulus Labill., o único eucalipto com interesse económico que se ex-
pandiu em Portugal, ocorre naturalmente na Tasmânia e em Vitória, no sudoeste
do continente Australiano.
1 – Os primórdiOs
A cultura do eucalipto e a sua expansão, sendo uma espécie introduzida,
têm dado origem em Portugal a amplos debates, essencialmente centrados nos
potencialmente negativos impactes sobre o ambiente. Nem sempre assim foi.
Quando o eucalipto foi introduzido no Sul da Europa e em algumas das colónias eu-
ropeias, em meados do século XIX, foi tido em grande consideração (Radich, 1994).
Em Portugal, onde a sua entrada se fez em 1854 (Coutinho, 1886) ou 1859
(Pimentel, 1884), e noutras regiões de clima mediterrânico ou sub-tropical ha-
via uma crónica falta de madeira. O aparecimento de uma espécie de árvores
de crescimento rápido, com troncos aprumados e esguios, constituía um grande
atractivo. Para os agricultores mais progressivos era um modo ecaz de fornecer
madeira para uso nas explorações agrícolas e como combustível. O eucalipto
constituía uma fonte fácil e acessível.
Mas mais que os destinos utilitários, não deixaram de ser determinan-
tes para o interesse inicial, os próprios valores e ideias dominantes na época,
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propícios à proliferação dos “amadores de plantas”, na sequência do século
anterior dos “exploradores naturais” que descobriram para a Europa “as plan-
tas do Mundo”. O eucalipto (os eucaliptos) entra nessa vaga, e tendo embora
sido descoberto na Ilha de Van Diemen, Tasmânia, em 1792, por Labillardière,
só cinquenta anos mais tarde, depois de se manter quase ignorado nos Jardins
Botânicos da Europa, conhece a sua difusão. Em Portugal, a introdução e a
expansão, durante muitos anos, devem-se, não a qualquer acção promotora
das instâncias públicas orestais, mas a particulares, movidos pela curiosidade
pela “coisa exótica” no embelezamento dos seus parques, jardins e algumas
terras, mas também por outras qualidades, incluindo medicinais, que foram
propagandeadas por um conjunto qualicado de entusiastas, publicistas, como
Duarte de Oliveira Júnior, e importadores-viveiristas, como Marques Loureiro,
Guilherme Tait e Rodrigues Batalha, comerciantes do Porto. Registe-se, pois,
como nesta fase introdutória da espécie foram de facto os proprietários pri-
vados os pioneiros. Num inventário directo realizado nos anos 80 do século
XIX por Pimentel (1884) refere-se a presença de eucalipto nas “mais extensas
plantações do país”, mostrando bem a predominância do interesse dos parti-
culares. Da lista de propriedades arroladas, em número de 12, envolvendo no
total umas 300 000 árvores, apenas guram o Pinhal de Leiria, onde existiriam
umas 40 000, e a Mata do Valverde (Alcácer), onde se encontravam não mais
de 1000 árvores.
Para além das utilizações agrícolas e domésticos da madeira, o primeiro
destino claramente de produção comercial do eucalipto, foi para travessas
de caminho de ferro. As primeiras plantações com essa finalidade foram
efectuadas em 1870 (Pimentel, 1884) pela Companhia Real dos Caminhos
de Ferro Portugueses, a partir de viveiros e da instalação definitiva nas áreas
reservadas das estações, casas de guarda e ao longo das linhas. Entretanto,
reconhece-se um longo período em que o recurso ao eucalipto não tem
aumentos importantes, e verdadeiramente só a partir da década de 1940, se
torna numa óbvia e importante fonte de matéria-prima para a produção de
pasta para papel (Radich, 1994).
Capítulo 1
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2 – A expAnsãO e As Opções públicAs
A questão dos impactes ambientais do eucalipto que tem acompanhado, por
vezes como se se tratasse apenas de uma luta entre entusiastas e detractores da
espécie, todo o longo processo de introdução e expansão do eucalipto, corre
em paralelo com uma outra questão menos evidenciada que é a do papel das
opções públicas nessa evolução. Quando no último quartel do século XIX se con-
solida uma verdadeira Administração Pública Florestal, resultante do auxo dos
conhecimentos técnicos e organizativos colhidos por um conjunto de destacáveis
orestais formados no estrangeiro (e, alguns,formados em Portugal depois de
1872), é assumida com força a ideia de levar por diante a obra de arborização
do país para combater o secular recuo das áreas orestais (que deu origem aos
celebrados incultos, matéria de abundante discussão política, durante algumas dé-
cadas). A Administração Geral das Matas investe o melhor das suas vontades e
capacidades nesse objectivo, culminando com os planos de arborização das serras,
iniciados em Manteigas e Gerês (1888-1889).
Não se encontra, nos planos de trabalho deste período, por muitos anos,
qualquer interesse especial na utilização do eucalipto, como espécie produtiva.
Quando aparece na obra feita é a título precário, como espécie ornamental, sendo
a sua madeira considerada como quase um aproveitamento secundário, embora
elogiada a árvore pelo seu rápido crescimento. Explica-se em grande parte esta
ausência de interesse no último quartel do século e também, no seguinte do sé-
culo XX, pelo facto de a acção dominante se dirigir para a arborização das serras
e dunas no Norte do país, e em consequência da adaptação às circunstancias
ecológicas, ser satisfeita melhor pelo pinheiro bravo, com as suas características
de pioneira na ocupação de solos degradados. Talvez por isso e por parecer estar
resolvido o problema da escolha das espécies, não tenha havido estímulo ou ne-
cessidade para a busca de outras soluções que, além do mais, não se coadunavam
com o ritmo que queria impor-se à realização da obra.
Também no meio académico, assim como no da investigação nascente, até
aos anos 20 do século XX, não se vislumbram igualmente grandes manifestações
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de interesse no estudo e na divulgação do eucalipto. Um índice de referência, seria
o dos trabalhos publicados sobre a espécie. Além do texto, pioneiro e entusiasta
de Pimentel (1884), encontramos apenas, no “Curso de Silvicultura” de António
Xavier Pereira Coutinho (1886), o registo do eucalipto glóbulo, ainda assim em
exclusiva descrição botânica, e sem especial destaque entre cinco outras espécies
de eucalipto referenciadas. Compulsada, por outro lado, a lista de relatórios nais
de curso em Silvicultura de 1872 a 1920, apenas encontramos uma dissertação
sobre “essências orestais exóticas a cultivar em Portugal” (Belo, 1914), na qual,
de facto, é feita a descrição botânico-cultural da espécie.
Mesmo depois deste período e até aos anos 40 o número de publicações é es-
casso. Estranhamente até, num livro com as características de manual de Silvicultura,
largamente utilizado, as “Noções de Silvicultura” de Horácio Eliseu (1926 e 1942),
ao ser apresentada a listagem, com informação dendrológica e cultural das espécies
recomendadas para a utilização na arborização do Continente, nem sequer regis-
to da Eucalyptus globulus, entre as três dezenas de espécies descritas.
Mas, a partir das décadas de 20-30, potenciam-se situações que irão conduzir
a alterações de contexto para o que virá a ser a grande expansão do eucalipto.
Um caso ca reectido nos primeiros passos dados, nesta altura, e por parte da
Administração Pública, na organização da investigação orestal, com a criação de
duas instituições, a Estação de Experimentação do Pinheiro Bravo, na Marinha
Grande, e a Estação de Experimentação do Sobreiro e Eucalipto (mais tarde ape-
nas Estação de Experimentação do Sobreiro), em Alcobaça. Aqui, têm início os
trabalhos ligados à tecnologia dos produtos orestais que conduzem à instalação,
no inicio dos anos 40, dum Laboratório da Celulose (Seabra, 1943) no qual foram
estudadas de modo sistemático as nossas diferentes espécies na perspectiva da
sua industrialização. Em 1925, a empresa Caima, instalada em Portugal desde
1888, recorrendo até a outras matérias-primas, e em particular ao pinheiro
bravo, começa a comercializar a pasta obtida a partir do eucalipto, ao mesmo
tempo que desenvolve plantações próprias desta espécie. Pelo lado do Estado,
o alargamento da obra de arborização continua a fazer-se, com preferência pela
arborização das serras, tendo começado a executar-se o Plano de Povoamento
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Florestal de 1938 (Baldios), mas não se vericando alteração de rumo quanto às
características dessa mesma arborização e dos seus produtos.
Entretanto, na década de 40, assiste-se ao agudizar da discussão e do lan-
çamento duma política de industrialização do país, o que é feito em polémica
permanente entre industrialistas e ruralistas, tendo sido aprovado o projecto de
“Fomento e Reorganização Industrial” que constitui a Lei n.º 2005, de 14 de Março
de 1945, a qual previa importante intervenção e apoios do Estado na criação de in-
dústrias. Em relação à indústria de celulose, já antes, em 1942, tinha sido proferido
o despacho, de 12 de Março, que concedeu a licença “para a instalação duma fábri-
ca de celulose, pasta mecânica, papel de jornal e outros papeis” à Companhia Por-
tuguesa de Celulose (Cacia), que veio a funcionar a partir dos primeiros anos de
50, depois da conjugação de interesses entre industriais e banqueiros portugueses,
com intermediação do Estado, tendo sido aliás o primeiro projecto português sob
apoio do célebre Plano Marshall (CPC, 1958). A matéria-prima utilizada foi desde
inicio o pinheiro bravo, só mais tarde o recurso ao eucalipto se tornou importante.
Estava lançada a grande expansão da indústria de celulose que viria a vericar‑se.
Tratou-se, pois, duma opção forte de política pública industrial que viria natu-
ralmente a produzir efeitos marcantes no domínio orestal, nomeadamente o do
arrastamento da política orestal, isto é, do sector da agricultura, sempre resis-
tente a essa evolução. Em 1959, aquando da denição pelo respectivo Ministério
da Economia das linhas essenciais para uma acção política de industrialização
agrícola, que especicamente enunciava também o caso dos eucaliptos para fabri-
co de pasta para papel, era necessário apelar para a cooperação necessária, que
se entrevia difícil, entre os três sectores da governação económica: a indústria,
o comércio e a agricultura (Caldas, 1991). Justicavam‑se, então, as reticências à
expansão do eucalipto, em razões de natureza ecológica, dos seus efeitos nega-
tivos, embora na altura mal elucidados, e nalguns equívocos do alastramento das
plantações a localizações contra-indicadas, mas com certeza também muito mais
fundadas na tradição de defesa do “país essencialmente agrícola” que vinha do
século XIX e, portanto, do receio de perda de áreas julgadas, na época, de mais
interesse para a agricultura. Este contexto explica não só as resistências à expan-
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são do eucalipto, mas dum modo mais geral à própria orestação e, daí, o pouco
sucesso de algumas iniciativas públicas, desde a Lei n.º 2069, de 1954, destinada
a criar condições para a arborização da propriedade privada, que se cou pela
realização de planos de arborização de algumas bacias hidrográcas do Sul do país,
muito pouco concretizados, e à criação de um organismo próprio para realização
desse objectivo, o Fundo de Fomento Florestal (1965), a curto prazo limitado na
acção principalmente pelos problemas do seu nanciamento no âmbito do sector
da Administração Pública responsável pelo sector da Agricultura.
Em contrapartida, no que diz respeito ao eucalipto, devem situar-se precisa-
mente nos trabalhos preparatórios realizados para a aplicação da Lei 2069, acima
referida, as raízes da inovação em termos de técnicas de silvicultura, nomeada-
mente de preparação do solo e de produção de plantas para as arborizações, que
se devem principalmente a Ernesto Goes e às equipas de campo constituídas na
altura, o que permitiu não só alargar as áreas geográcas de expansão mas tam-
bém aumentar as condições de produtividade (Goes, 1977).
É a partir desta época que, sob inuência do interesse dos proprietários e a
pressão da indústria em expansão, carente de matéria-prima, se vai estender a área
de eucaliptal, incluindo a área de exploração das próprias empresas industriais, com
o apoio de diversas origens, do Banco Mundial aos fundos europeus, e passar-se
dos 100 000 hectares para mais de seis vezes no presente (ver Quadro 1).
3 – A expAnsãO, A prOduçãO de mAtériAsprimAs e A cOn
servAçãO dO Ambiente
A área de cultivo do eucalipto alargou-se, portanto, lentamente até aos
anos 50 do século XX. A partir desta época, a área cresceu continuamente até
aos anos 90 do século passado, registando um ligeiro decréscimo no último
Inventário Florestal Nacional (2005-06), como se pode observar no Quadro 1.
O inventário refere, no entanto, a existência de 295 500 ha de povoamentos
jovens, devendo uma parte considerável desta área corresponder a plantações
Capítulo 1
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de eucalipto. Excluindo a área destes povoamentos jovens, a área de eucaliptal
(647 000 ha,) representa cerca de 19% da área orestal do país (3 412 300 ha).
Na segunda metade do século XX a expansão foi grosso modo paralela ao cresci-
mento da indústria da pasta para papel. Actualmente a totalidade da madeira de
eucalipto utilizada na indústria nacional provém da oresta nacional e a expor-
tação representa 90% e 77% das vendas de pasta e de papel, respectivamente
(dados referentes a 2005; CELPA1, 2005).
A distribuição do eucalipto no território fez-se claramente de acordo com
as preferências ecosiológicas da espécie. A Figura 1 mostra a proporção da
área de eucalipto em cada região NUT III. Na actualidade, as plantações ocorrem
predominantemente no Litoral do país, com maior incidência na faixa litoral
da região Centro. As regiões NUT III com maior proporção de ocupação de
eucalipto (superior a 15%) são as de: Grande Porto, Entre Douro e Vouga, Baixo
Vouga, Baixo Mondego, Pinhal Interior Norte, Médio Tejo e Oeste. Estas unidades
geográcas perfazem 40% da área total de eucalipto e localizam‑se predominante-
mente no eixo Porto-Aveiro-Coimbra. Em oposição a estas regiões estão as que
têm uma proporção de eucalipto inferior a 5%, localizadas no Interior Norte do
país, no Alentejo interior, em Lisboa e no Algarve, e que representam 46% da área
de Portugal Continental.
1 As empresas associadas da CELPA representam 100% da produção de pasta para papel e cerca de
90% da produção de papel.
Quadro 1 – Evolução da área de eucalipto em Portugal Continental.
Fonte: 1928, Mendes de Almeida, Portugal – a sua riqueza silvícola; 1956, Serviço de Reconhecimento e Ordenamento
Agrário; a partir de 1963/66, Inventário Florestal Nacional (DGRF).
Ano 1928 1956 1963/66 1968/80 1980/89 1990/92 1995/98 2005/06
Área (103 ha) 8 58 99 214 386 529 672 647
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Figura 1 Distribuição do eucaliptal em Portugal: proporção da área ocupada
em cada NUT III (Fonte: Inventário Florestal Nacional, 2005-06).
< 5%
5 – 15%
15 – 25%
> 25%
Capítulo 1
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Esta expansão de uma árvore exótica, que no jargão dos ecólogos e dos
técnicos orestais, quer dizer, originária de um país ou clima diferente daquele
em que vive, deveu-se pois, a razões tecnológicas e económico-sociais, nomea-
damente, 1) à elevada qualidade do material lenhoso da E. globulus como maté-
ria-prima para pasta para papel e à instalação e expansão da respectiva indústria
em Portugal; 2) às características produtivas da espécie e às potencialidades
climáticas e de solos para uma elevada produtividade em muitas regiões do país;
mas também 3) às possibilidades de intensicação do cultivo, quer através das
técnicas de silvicultura, quer do recurso, vericado mais tarde, ao melhoramento
genético. A intensicação da cultura, permitindo obter produções em períodos
incomparavelmente mais curtos do que a generalidade das espécies orestais, foi
um grande atractivo económico especialmente no contexto de despovoamento
rural emergente nos meados do século XX.
Como escrevemos acima, as preocupações com o ambiente, embora sob
formas embrionárias e não globais, não são de hoje. Cedo, por exemplo, os agri-
cultores depararam com decréscimos na produção agrícola nas áreas adjacentes
a plantações ou quebra-ventos de eucaliptos. Embora seja fácil de explicar e não
possa ser generalizado, este efeito de bordadura que resulta de um intenso con-
sumo de água pelas linhas de árvores de fronteira, tornou os eucaliptais num alvo
de controvérsia. Foram efectuadas algumas intervenções legislativas, nomeada-
mente a de 1937, quando foi publicada a Lei n.º 1951 de 9 de Março que proibia a
plantação de eucaliptos a menos de 20 metros de distância de terrenos cultivados
e a menos de 40 de nascentes e terras de cultura de regadio.
Mas verdadeiramente, a discussão ambiental vericou‑se com mais força nas
décadas de 70 e 80 do século XX, fruto da visibilidade da expansão das plantações
e da oportunidade de politização de temas ambientais. A polémica não esteve de
modo nenhum circunscrita a Portugal pois cobria a maioria dos países onde se utili-
zavam os eucaliptos em plantações de cultivo intensivo para a produção de madeira,
pasta para papel ou combustível – Índia, Etiópia, Brasil, África do Sul. Entre nós, po-
rém, os argumentos eram incipientes e combinavam aspectos distintos. Por exemplo,
as questões socioeconómicas da conversão de terrenos agrícolas e agro‑orestais
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em plantações de eucalipto eram misturadas com efeitos ecológicos, muitas vezes
imaginários. Surgiu então em Portugal legislação a limitar a expansão do eucaliptal, da
qual se destaca o Decreto-Lei n.º 175/88 de 17 de Maio de 1988, que visou impedir
a proliferação de grandes áreas contínuas de eucaliptal, assim como impossibilitar a
conversão de montados de sobro e azinho em eucaliptal.
A expansão do cultivo do eucalipto em Portugal desenvolveu-se numa época
em que na sociedade portuguesa, crescentemente urbanizada, tinham cada vez maior
eco as atitudes e as losoas de defesa ambiental e conservação da biodiversidade.
Foi neste contexto, em que os valores do produtivismo agrário se foram confrontan-
do com um imaginário de defesa do ambiente (Mather, 2001), que se desenvolveu a
moderna contestação ambiental ao cultivo desta espécie. Assistiu-se a uma mudança
da percepção da oresta e dos paradigmas da sua gestão, em que os benefícios am-
bientais são cada vez mais valorizados em comparação com os bens materias como
a madeira. Ou seja, a imagem foi mudando da oresta “industrial” para a oresta
“pós-industrial” ou “pós-produtivista” (Mather & Pereira, 2006). Os benefícios am-
bientais tendem, no entanto, a reverter a favor da população em geral, sendo difícil
aos proprietários da oresta fazer a sua conversão em valor económico. Assim, a
mudança de paradigma da gestão orestal origina conitos de interesses entre dife-
rentes partes da sociedade. Só um cada vez maior esclarecimento e o mais possível
quanticado, digamos cienticamente fundado, poderá ir elevando os níveis das deci-
sões que compatibilizem os interesses justos na perspectiva do económico-privado e
no contexto macro do interesse económico-social e sustentável das comunidades.
Foi pois neste contexto que surgiu a necessidade de dar resposta às preocupações
ambientais com um cultivo que está na base de uma indústria de grande importância
nacional. Este livro é o resultado do conhecimento e da experimentação das últimas
décadas sobre o ecossistema do eucaliptal. Nele são abordados os impactes ambientais
das plantações de eucalipto (nos recursos hídricos, no solo, na biodiversidade), assim
como a produtividade e o melhoramento do eucalipto. São ainda tratados outros as-
pectos como os agentes bióticos, o fogo, os impactes socioeconómicos, as modicações
das paisagens e o papel dos eucaliptais no sequestro de carbono.
Capítulo 1
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referênciAs
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... Following the "natural explorers" of the previous century, they discovered "the plants of the World" for Europe. Eucalyptus was included in this wave, and although it was discovered on the island of Tasmania in 1792 by Labillardière, it was only 50 years later, after remaining almost ignored in the Botanical Gardens of Europe, that its diffusion occurred [53]. ...
... It was also appreciated for other qualities, including medicinal ones, which were advertised by a qualified group of enthusiasts and publicists, such as Duarte de Oliveira Júnior, and nursery importers, such as Marques Loureiro, Guilherme Tait, and Rodrigues Batalha, who were merchants from Oporto. Therefore, in this introductory phase of the species, the private owners were the pioneers [53]. ...
... In a direct inventory completed by Pimentel in 1884, the presence of eucalyptus in "the most extensive plantations of the country" was well known, showing the predominance of the interest of individuals. Of the 12 properties listed, involving in total some 300,000 trees, the "Pinhal de Leiria" had about 40,000 and "Mata do Valverde" (Alcácer do Sal) had no more than 1,000 trees [53]. ...
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Portugal is a country with a territorial dimension of approximately 90,000 km². However, the forest occupies a prominent position, since it represents about 35% of the total area of the country. Portuguese people always had a very close connection with the forest, which has provided the necessary resources for the development of its communities. The geological substratum of continental Portugal is very old and may therefore have witnessed the evolution of its plants, from the early beginning to the present time, as well as all sort of historical and environmental landmarks such as glacial periods or mass extinctions. Also, from the perspective of human occupation, Portuguese territory was crossed by hunter-gatherer populations who, initially, were constantly moving and looking for sustenance, but at a later stage, chose to settle. This relationship between human populations and the forest is, thus, very old and demonstrates the interdependence between the subsistence of the populations and the resources exploitation. Currently, the main national economic groups are based on forest industries, which depend directly on the exploitation of the three dominant species, Eucalyptus globulus Labill., Pinus pinaster Aiton and Quercus suber L., demonstrating the human role in the development of the forest, motivated by the satisfaction of its needs. This work reviews the historical development of the forest in mainland Portugal, from geological times to the present, including the arrival of exotic species that later acquired invasive behaviors and now occupy significant areas of the national territory.
... MURDIYARSO, 2009;ELLISON et al., 2012ELLISON et al., , 2017. Têm um papel importante no arrefecimento da atmosfera, e contribuem para a humidade do ar, para a melhoria da qualidade da água e para a precipitação (VAN DIJK e KEENAN, 2007;HESSLEROVÁ et al., 2013;NEARY, 2016;ELLISON et al., 2012ELLISON et al., , 2017 fotossíntese: maior transpiração permite maior produção de biomassa e, consequentemente, também maior sequestro de carbono (VERTESSY, 2000;JACKSON et al., 2005;PEREIRA et al. 2007;DAVID et al., 2016). Além da influência na regulação do clima à macroescala, as florestas são consideradas fontes de "energia renovável" e contribuem também para diversos serviços dos ecossistemas, como a promoção da infiltração da água no solo, a regulação do caudal minimizando risco de pequenas/médias cheias, e a proteção do solo contra a erosão (HEWLETT, 1982;DAVID et al., 2007;PEREIRA et al., 2007;LIMA, 2010;MOREAUX et al., 2013;REICHERT et al., 2017). ...
... Têm um papel importante no arrefecimento da atmosfera, e contribuem para a humidade do ar, para a melhoria da qualidade da água e para a precipitação (VAN DIJK e KEENAN, 2007;HESSLEROVÁ et al., 2013;NEARY, 2016;ELLISON et al., 2012ELLISON et al., , 2017 fotossíntese: maior transpiração permite maior produção de biomassa e, consequentemente, também maior sequestro de carbono (VERTESSY, 2000;JACKSON et al., 2005;PEREIRA et al. 2007;DAVID et al., 2016). Além da influência na regulação do clima à macroescala, as florestas são consideradas fontes de "energia renovável" e contribuem também para diversos serviços dos ecossistemas, como a promoção da infiltração da água no solo, a regulação do caudal minimizando risco de pequenas/médias cheias, e a proteção do solo contra a erosão (HEWLETT, 1982;DAVID et al., 2007;PEREIRA et al., 2007;LIMA, 2010;MOREAUX et al., 2013;REICHERT et al., 2017). ...
... A partir da década de 1950, a elevada importância económica que o eucalipto adquiriu, sobretudo pela sua utilização no fabrico de pasta de celulose, determinou o aumento da área de ocupação em Portugal (ALVES et al., 2007). Este aumento deu-se através de plantações, essencialmente por iniciativa privada, e não pela regeneração natural da espécie (POTTS et al., 2008;MARCHANTE et al., 2014 DEUS et al., 2019;NEREU et al., 2019). ...
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O eucalipto tornou-se uma das espécies incontornáveis da floresta portuguesa. Nos últimos anos, a ocorrência de grandes incêndios tem vindo a aumentar (onde os ocorridos em junho e outubro de 2017 foram particularmente significativos), acentuando a polémica em torno do efeito das plantações de eucalipto na propagação do fogo. Do protagonismo socioeconómico, aumento de área plantada e relação com o fogo resultam discussões apaixonadas, mas nem sempre fundamentadas no conhecimento existente. A informação disponível permite esclarecer dúvidas e recentrar o problema nos fatores que têm realmente influência nos regimes de fogo: as dinâmicas demográficas e de uso do solo que ocorreram no último século e a necessidade de encarar a floresta para além da árvore, como um sistema complexo. É a estrutura dos povoamentos, mais do que as espécies, que condiciona a propagação dos incêndios. Embora o problema dos incêndios, grandes e pequenos, seja territorial e não apenas do sector florestal, a solução passa pela gestão do uso do solo e do espaço rural, incluindo a floresta. Ao nível do ordenamento do território, a diversificação da paisagem e a redução da área florestal nalgumas zonas, quebrando a continuidade da vegetação, são algumas das soluções possíveis. À escala da árvore e da propriedade, a gestão florestal é a única ferramenta que permite conviver com o fogo e minimizar os danos causados pelos incêndios. É possível fazer melhor com os recursos disponíveis, adequando as opções de gestão às condições locais, numa perspectiva integrada à escala da paisagem, que considera as suas múltiplas dimensões: social, ambiental e económica. Este artigo faz parte do Caderno Técnico da Silva Lusitana sobre Eucalipto em Portugal. Tem como ponto de partida a obra "O Eucaliptal em Portugal. Impactes Ambientais e Investigação Científica" publicada em 2007 e procura dar visibilidade a algum do conhecimento científico desenvolvido nos últimos 10-15 anos sobre plantações de eucalipto e o fogo.
... In Portugal, according to the National Forest Inventory (NFI) data, during the 20th century, the forest area has increased considerably from 7% in 1875 to 33% in 1965 and has reached to 39% in 2005 (3.5 million ha) [5][6][7][8][9][10]. From 1938 to 1977, under the Portuguese afforestation plan (290,673 ha), the pioneer species maritime pine (P. ...
... In Portugal, maritime pine stands are mainly established by natural regeneration and managed in medium to long revolutions (e.g., more than 35 years) [11,37,39]. Eucalypts stands are installed by plantation and commonly managed throughout three rotations of short harvesting cycles (e.g., 10-12-year coppices) [8,40]. ...
... The distribution of maritime pine in Portugal (Figure 1a) corresponds to a coastal strip that extends from the Sado and the Tejo rivers basins to the Minho river basin, penetrating in the north and center inland up to elevations of 700-900 m, preferably in the southwest to north-facing slopes In Portugal, maritime pine stands are mainly established by natural regeneration and managed in medium to long revolutions (e.g., more than 35 years) [11,37,39]. Eucalypts stands are installed by plantation and commonly managed throughout three rotations of short harvesting cycles (e.g., 10-12-year coppices) [8,40]. ...
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Species ecological envelope maps were obtained for the two main Portuguese wood-production species (Eucalyptus globulus Labill. and Pinus pinaster Aiton) and projected future climate change scenarios. A machine learning approach was used to understand the most influential environmental variables that may explain current species distribution and productivity. Background and Objectives: The aims of the study were: (1) to map species potential suitability areas using ecological envelopes in the present and to project them in the future under climate change scenarios; (2) to map species current distributions; (3) to map species current productivity; and (4) to explore the most influential environmental variables on species current distribution and productivity. Materials and Methods: Climate, elevation data, and soil data sets were used to obtain present and future species ecological envelopes under two climate change scenarios. The official land cover maps were used to map species distributions. Forest inventory data were used to map the species productivity by geostatistical techniques. A Bayesian machine learning approach, supported by species distributions and productivity data, was used to explore the most influential environmental variables on species distribution and productivity and to validate species ecological envelopes. Results: The species ecological envelope methodology was found to be robust. Species’ ecological envelopes showed a high potential for both species’ afforestation. In the future, a decrease in the country’s area potentiality was forecasted for both species. The distribution of maritime pine was found to be mainly determined by precipitation-related variables, but the elevation and temperature-related variables were very important to differentiate species productivity. For eucalypts, species distribution was mainly explained by temperature-related variables, as well as the species productivity. Conclusions: These findings are key to support recommendations for future afforestation and will bring value to policy-makers and environmental authorities in policy formulation under climate change scenarios.
... The 2015 IFN6 showed that forests were the main land use in continental Portugal, with native trees such as maritime pine and cork oak occupying 22% each, while the exotic E. globulus covered 26%. Planted in rotations from 10 to 12 years, E. globulus thrives in the central coast and northern areas, where milder winters and higher rainfall support optimal growth and higher productivity (PEREIRA, 2007). ...
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From a geographical view and through bibliographic and documentary research, mapping, and fieldwork, this study employed the SWOT matrix to analyze the eucalyptus environmental impacts on two study areas in these countries. We found that their physical aspects favor its growth, providing economic benefits. Extreme weather events have worsened the water deficit in the Brazilian Cerrado, leading to user conflicts. In northwestern mainland Portugal, wildfires have been more recurrent and severe, causing human and property losses and compromising the natural systems resilience.
... Eucalyptus globulus Labill. is a tree species belonging to the Myrtaceae family, native to Tasmania and Victoria, in mainland Australia (Jordan et al. 1993). It has been planted around the world due to its excellent growth and pulpwood characteristics (Alves et al. 2007). Introduced in Portugal in the 19 th century, E. globulus currently covers around 850,000 ha of plantations supplying the local industry with nearly 6 million cubic meters per year of high-quality pulpwood (CELPA 2019). ...
... The LRi score of maritime pine forests has followed a constant trend and was always above 1, being on average slightly higher than the score of eucalyptus forests. Although the abundance of eucalyptus species has greatly increased in Portugal in the last decades (Alves et al., 2007), recent research has shown that this expansion has not increased burned area nor modified the fire regime . On the other hand, eucalyptus can be naturally established in burnt areas (Águas et al., 2014) and can expand rapidly if the land is abandoned , therefore these areas colonized by eucalyptus can contribute to increase wildfire hazard when left unmanaged. ...
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We present new wildfire susceptibility and hazard maps for mainland Portugal. • Predisposing factors are landcover, slope angle and elevation. • We applied the Likelihood Ratio method and used fire history from 1975 to 2018. • Landcover favourability scores are obtained for different timeframes. • Structural maps can support spatial planning and risk reduction strategies. Recent large wildfires have caused serious environmental and social impacts in different areas of the world, such as Portugal, Greece and Australia. Sociodemographic changes in rural areas and climate change issues create unprecedented and challenging circumstances that call for an adjustment of fire management strategies and planning tools. In this research, we revise the procedure to assess wildfire susceptibility and hazard for mainland Portugal in a structural perspective. Based on a dataset of burned areas covering 44 years and a set of predisposing factors related to topography and landcover, we tested several susceptibility models using the Likelihood Ratio method, to calculate favourability scores. Landcover classes were analysed using national detailed sources and considering different timeframes. Hazard levels were obtained by combining the susceptibility model with the best accuracy and the probability to burn estimated from fire history (1975-2018). The resulting hazard values were classified in 5 levels based on the breaks of the success curve, instead of quantiles as in previous maps, to ensure territorial continuity at different spatial scales. The results show where the combination of terrain features is more favorable to fire propagation. The higher favourability scores were found for shrubland-type vegetation, whereas agricultural areas, cork and holm forests show lower scores. Eucalyptus and maritime pine forests show similar intermediate scores and have increased since 2007. The two highest hazard classes classify correctly 90% of the burned area over 44 years, demonstrating the high accuracy of the model. If integrated in spatial planning instruments, in conjunction with municipal plans, the two most hazardous classes may hinder the expansion of built-up areas. About 2% of the municipalities have more than 90% of their territory classified as hazardous, whereas 32% of the municipalities have, instead, less than 10% of hazardous area. These structural maps are a useful baseline for a long-term approach and can be complemented by estimations regarding the behavior and severity of wildfires, which should be further explored.
... Em contraponto, o eucalipto (Eucalyptus globulus), apesar de introduzido em Portugal na primeira metade do século XIX, teve excecional expansão a partir da segunda metade do século XX, sendo recentemente reconhecido como a espécie que apresenta a maior área ocupada, não obstante os diversos riscos associados à suscetibilidade à ação de diversos agentes bióticos nocivos (Alves et al., 2007;ICNF, 2013b). Em Portugal foram já identificadas onze espécies de insetos que se alimentam exclusivamente de eucalipto e que podem causar danos nas plantas/árvores (Kenis & Branco, 2010;EFSA, 2018b (Sousa et al., 2015). ...
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Os riscos de natureza biológica apresentam grande diversidade e complexidade, resultado tanto da natureza dos organismos envolvidos como da multiplicidade de processos que podem estar subjacentes à manifestação do próprio risco, o que dificulta a implementação de ações de controlo ou prevenção. De uma forma geral, os riscos biológicos decorrem de interações biológicas interespecífcas de caráter negativo, as quais podem representar impactes, diretos ou indiretos, na saúde da população humana ou nas suas atividades. Estas interações compreendem tanto a competição por habitat (espécies invasoras), como relações de parasitismo (p.e. carraças), predação (p.e. pragas agrícolas) ou situações de amensalismo (p.e. marés vermelhas de algas microscópicas). Neste trabalho apresentam-se alguns exemplos de riscos biológicos a diferentes escalas, associando-os aos domínios em que os impactes são mais importantes. São abordados vários exemplos considerando o caso português.
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Eucalyptus globulus Labill. is a widespread forest tree species, reported as naturalized across the introduced range, often showing abundant natural regeneration after wildfires. This paper studies a post-fire cohort of seedlings derived from a small, isolated E. globulus stand in central Portugal. The aim is to better understand the genetic dynamics and dispersal mechanisms of naturally established E. globulus populations in the introduced range. The seedling density at 55 m from adult trees was 12,000 ha⁻¹, the farthest seedling being registered at 101 m. Post-fire expansion occurred in a southward direction, in accordance with predominant wind. Seedlings had significantly lower levels of genetic diversity (Ae = 5.8.; He = 0.8) than adult trees (Ae = 6.5; He = 0.8). Crossings were strongly unbalanced, with only eight trees contributing to the sampled seedlings, and one single tree contributing to 52% of these seedlings. Moreover, the co-ancestry amongst seedlings more than doubled (from θ = 0.03 to 0.076), and the population status number was around one third of the value registered for the adult population (from Ns = 16.2 to 6.6). Despite its isolation, external pollen was detected in the stand, and appears to have travelled at least 700 m, contributing to 22% of the offspring. Overall, the seedling cohort is much less diverse than the parent trees, with expected lower resilience and persistence to environmental stresses.
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Eucalyptus species in Australia occur naturally across a wide range of environmental conditions. In native forests, the leaves are typically thick, tough and long-lived with low specific leaf area, and low leaf concentrations of nitrogen and phosphorus. Potential productivity is high but maximum rates are rarely achieved because of limitations due to drought and nutrient availability. In contrast, when Eucalyptus species are grown in conditions with adequate supplies of water and nutrients, or in managed plantations at favourable sites, light-use efficiency and productivity are high. We review the physiological basis for the observed rates of growth and water use in Eucalyptus forests. Our aim is to demonstrate that a process-based approach provides a robust framework to predict productivity and water use by incorporating differences between species, the effects of climate and options for silvicultural management.
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Symptoms of postproductivism are more clearly developed in forestry than in agriculture, but they have attracted less attention. The 'postindustrial' forest, in which the emphasis placed on timber production is reduced relative to that placed on environmental services (such as biodiversity and recreation), epitomises the character of postproductive forestry. In many parts of the industrialised world, forests have essentially become places of consumption (of amenity, recreation, and wildlife observation) by a largely urban population, rather than places of production (of timber) for a largely urban population. Changing forestry and forest policy in Britain, mainland Europe, and North America are reviewed in the light of a trend towards postproductivism, and some of the causal factors underlying this trend are explored.
As Essências Florestais Exóticas a Cultivar em Portugal
  • F A Belo
Belo, F. A. (1914). As Essências Florestais Exóticas a Cultivar em Portugal. Lisboa: Typografia Correa & Raposo.
A Agricultura Portuguesa Através dos Tempos
  • E C Caldas
Caldas, E. C. (1991). A Agricultura Portuguesa Através dos Tempos. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica.
Curso de Silvicultura
  • A X P Coutinho
Coutinho, A. X. P. (1886). Curso de Silvicultura. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Sciências.
Companhia Portuguesa de Celulose
CPC (1958). Companhia Portuguesa de Celulose. Lisboa.
Noções de Silvicultura. Vol. I e II
  • H Eliseu
Eliseu, H. (1926/1942). Noções de Silvicultura. Vol. I e II. Leiria.
Transição florestal e fogo em Portugal
  • A S Mather
  • J M C Pereira
Mather, A. S. & Pereira, J. M. C. (2006). Transição florestal e fogo em Portugal. In Incêndios Florestais em Portugal: Caracterização, Impactes e Prevenção, ed. J. S. Pereira, J. M. C. Pereira, F. C. Rego, J. M. N. Silva & T. P. Silva, pp. 257-282. Lisboa: ISAPress.
Eucalipto Globulus. Descrição
  • C S Pimentel
Pimentel, C. S. (1884). Eucalipto Globulus. Descrição, Cultura e Aproveitamento D'Esta Árvore. Lisboa: Typografia Universal.