RESUMO Tradicionalmente o público juvenil (13-18 anos), sobretudo do sexo masculino, é aquele que mais dificilmente participa nas actividades de leitura promovidas pelas bibliotecas públicas. Por outro lado, e segundo um inquérito realizado pela Bedeteca de Lisboa em 2005, a maioria das bibliotecas portuguesas não tem e não adquire o estilo de literatura gráfica mais apreciada pelos adolescentes, designadamente a banda desenhada de origem norte-americana e japonesa. Ao contrário do que muitos pensam é possível encontrar materiais em banda desenhada (dentro destes estilos) de inegável qualidade destinados aos adolescentes, embora a banda desenhada ligeira (de menor qualidade) também possa ter um lugar na biblioteca. A presente comunicação pretende, assim, sensibilizar as bibliotecas para a utilização destes materiais como ferramenta poderosa e de subestimada importância para a promoção de hábitos de leitura entre os adolescentes. PALAVRAS-CHAVE: Banda desenhada, Bibliotecas públicas, Promoção da leitura, Adolescentes INTRODUÇÃO Preocupados em conquistar novos públicos e também com a conquista de potenciais clientes que ainda não se atreveram a entrar na biblioteca, muitos profissionais começaram a alargar as suas colecções para áreas que tradicionalmente não eram contempladas. É normal, ao vaguearmos pelas bibliotecas da rede de leitura pública, depararmo-nos com os mais diversos materiais dedicados à jardinagem, bricolage, culinária ou ponto cruz. É normal e é positivo. Contudo, o que não nos parece tão positivo é o facto de ainda não encontrarmos oferta documental apelativa a uma franja etária da população que foge por natureza, ou mesmo por instinto, à leitura tradicional. Os adolescentes. Na verdade, não fogem das bibliotecas. Utilizam-na em larga escala como espaço para aceder à Internet, aos jogos de vídeo, aos filmes e até como espaço para fazer trabalhos escolares, mas não a utilizam (ou utilizam com menor frequência) para a leitura. E sobretudo não a utilizam para a leitura lúdica. A leitura que muitas vezes permite adquirir e consolidar os hábitos que nos deverão acompanhar ao longo da vida no estudo, no trabalho e no lazer. Apesar da sua imensa popularidade, algumas pessoas consideram que a BD não é mais do que um género de histórias. No caso de histórias de aventuras. Contudo, apesar de ser uma opinião corrente, é uma opinião infundada uma vez que a banda desenhada ficcional comporta uma série de géneros e até sub géneros, incluindo histórias realistas, contemporâneas, humorísticas, História, contos e lendas de super heróis e mangá. Por outro lado, embora a ficção seja muito popular, também existe oferta de banda desenhada não ficcional desde biografias, autobiografias e reportagens.