A prática de atividade física (AF) é amplamente
reconhecida como uma das estratégias mais eficazes
e a de menor custo para a promoção da saúde e prevenção de
doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) (Winpenny et all,
2020). No contexto educacional, incentivar e facilitar essa prática
é essencial, não apenas pelos benefícios físicos, mas também pelos
impactos no bem-estar mental, social e no desenvolvimento
cognitivo dos estudantes (OMS, 2022), além de projetar o hábito
saldável e benefícios a saúde para vida adulta (Winpenny et all,
2020). Entretanto, apesar dos esforços globais e nacionais, como
os programas de incentivo à AF nas escolas brasileiras, os níveis
de sedentarismo entre crianças, adolescentes e adultos jovens
continuam preocupantes, e com projeções de ampliação até 2035.
(World Obesity Federation, 2024).
Este capítulo tem como objetivo discutir os desafios e
percepções: barreiras para a prática de atividade física no contexto
educacional, divido em 5 tópicos: (1) Visão geral das políticas e
diretrizes educacionais relacionadas à atividade física no contexto
298 Entendendo os Temas Emergentes em Treinamento...
escolar; (2) Importância da prática de atividade física e barreiras
percebidas no contexto educacional; (3) Barreiras à Atividade Física
na Infância; (4) Desafios para a Prática de Atividade Física entre
Adolescentes e (5) A Prática de Atividade Física no Ensino Superior.
A fragmentação tem como objetivo discutir o cenário e principais
barreiras que limitam a prática regular de AF no ambiente escolar
e universitário, abordando os desafios enfrentados por diferentes
grupos etários, desde a infância até a fase adulta de uma forma mais
organizada. Desejamos uma excelente leitura.
Visão geral das políticas e diretrizes educacionais relacionadas
à atividade física no contexto escolar.
A educação física (EF) nas escolas é um componente
essencial da educação básica no Brasil, conforme estabelecido
na Base Nacional Comum Curricular (Brasil 2018). A educação
física une aspectos de educação e saúde, oferecendo conhecimento,
aprendizado e vivências corporais que beneficiam várias dimensões
da saúde, como a física e motora, psicológica, social e ambiental,
além da cognitiva (TOMPSETT et al., 2017). Assim, diversas
estratégias com objetivo de prática de atividades física têm sido
analisadas e colocadas em prática, relacionadas a aspectos como
política e ambiente, currículo, orientações adequadas e avaliação
dos alunos, visando promover um impacto positivo na vida e na
saúde dos estudantes (BESSA et al., 2019).
A contribuição positiva das aulas de educação física escolar
para a saúde tem sido fundamental na elaboração de recomendações
para a EF em diversos países (GARCÍA-HERMOSO et al., 2020).
Foram registrados benefícios em indicadores de saúde física e
motora, como a aptidão cardiorrespiratória e as habilidades motoras
básicas; na saúde psicológica, incluindo engajamento, motivação,
autonomia, afetividade e redução da ansiedade e depressão; e
na saúde socioambiental, destacando a empatia, a cooperação, a
formação de amizades e comportamentos pró-sociais (BESSA et
al., 2019).
Entendendo os Temas Emergentes em Treinamento... 299
A promoção da saúde se transforma em uma política
pública no Brasil, com a escola sendo um ambiente propício para
a implementação de recursos educativos voltados a esse objetivo.
Portanto, iniciativas governamentais sustentam essas estratégias no
ambiente escolar, como o Programa Saúde na Escola, Programa
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O Programa Saúde na
Escola (PSE) foi criado no Brasil em 2007, por meio do Decreto
Presidencial nº 6.286, de 5 de setembro de 2007, como uma
iniciativa de política pública que integra os setores de educação e
saúde (BRASIL, 2022).
Entre as ações previstas no programa, destacam-se:
promoção da atividade física; saúde ambiental; alimentação
saudável e prevenção da obesidade; incentivo à cultura de paz e aos
direitos humanos; prevenção da violência e de acidentes; combate a
doenças negligenciadas; verificação do estado vacinal; saúde sexual
e reprodutiva, além da prevenção ao Vírus da Imunodeficiência
Humana (HIV) e a Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST);
prevenção ao uso de álcool, tabaco e outras drogas; saúde bucal;
saúde auditiva; saúde ocular; e medidas de prevenção à Covid-19,
incorporadas em julho de 2020 (BRASIL, 2022).
Em relação à promoção da atividade física, a literatura
científica destaca os benefícios dessa prática para a saúde de indivíduos
de todas as idades. Para crianças e jovens, os efeitos positivos estão
associados a diversos aspectos, como o desenvolvimento humano,
a melhoria da socialização, a saúde cardiovascular e a condição
física. Além disso (BRASIL, 2021). Para esse grupo, a prática de
atividade física auxilia no desenvolvimento de habilidades motoras,
melhora o humor, reduz a sensação de estresse, ajuda a manter um
peso corporal saudável e contribui para um melhor desempenho
escolar. É importante ressaltar que o PSE abrange estudantes de
todos os níveis de ensino, desde a creche até a educação de jovens
e adultos, com a maioria dos participantes sendo alunos do Ensino
Fundamental (BRASIL, 2021)
O PSE promove ações intersetoriais e mobiliza parceiros
na rede de atenção básica à saúde e no ensino fundamental
300 Entendendo os Temas Emergentes em Treinamento...
público, visando aprimorar o cuidado individual e coletivo, além
de reduzir riscos e agravos que afetam crianças e adolescentes. O
objetivo é ampliar os mecanismos de enfrentamento e garantir um
cuidado integral. Desde sua implementação, o PSE tem registrado
avanços significativos, mas também enfrenta importantes desafios.
Sua agenda de adesões, expandida nos marcos regulatórios, é
frequentemente debatida no contexto das interconexões entre os
setores.
Já o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE),
criado em 1995 e inicialmente denominado “Campanha de
Merenda Escolar”, é uma das políticas públicas mais antigas
do Brasil e um dos maiores programas de alimentação escolar
do mundo. (PEDRAZA et al., 2018). O PNAE tem como
principal objetivo garantir aos estudantes uma alimentação digna,
assegurando pelo menos uma nutrição segura e de qualidade. Com
o programa, todos os alunos matriculados na educação básica,
incluindo as etapas de educação infantil (creche e pré-escola),
ensino fundamental e ensino médio, são atendidos. Além disso,
o PNAE beneficia também estudantes indígenas, quilombolas,
aqueles que recebem Atendimento Educacional Especializado
(AEE), e os matriculados na Educação de Jovens e Adultos (EJA)
em escolas públicas, filantrópicas, conveniadas com o poder público
e instituições confessionais, assim como nas escolas federais. Esses
estabelecimentos recebem recursos financeiros da União por meio
do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)
(FERREIRA et al., 2019).
Diante desse contexto, é fundamental promover ações e
políticas que incentivem a atividade física nas escolas, especialmente
aquelas ligadas à Atenção Primária à Saúde (APS), que é o foco de
atuação do PSE. Isso visa encorajar sistemas, sociedades e indivíduos
a se tornarem mais ativos. Também é essencial capacitar gestores e
profissionais de educação e saúde com documentos orientadores,
como o “Guia de Atividade Física para a População Brasileira”,
as Recomendações para Gestores e Profissionais de Saúde e os
Cadernos Temáticos do PSE, elaborados pela gestão federal, que
Entendendo os Temas Emergentes em Treinamento... 301
têm como um de seus objetivos estimular a oferta de práticas de
atividade física nas escolas.
Importância da prática de atividade física e barreiras
percebidas no contexto educacional.
É fundamentado na literatura que a prática de atividade
física (AF) traz inúmeros benefícios; estes estão alinhados ao
conceito de saúde, abrangendo aspectos físicos, sociais e psicológicos
(OMS, 2022). Nessa perspectiva, a adoção de ferramentas para
identificação frente essa problemática, tornam-se imprescindíveis.
A avaliação das barreiras percebidas é crucial, pois, referem-se às
dificuldades subjetivas percebidas por indivíduos que podem
impedir ou desencorajar a adoção de comportamentos saudáveis,
como a prática de AF.
A prática regular de AF desempenha um papel crucial
na prevenção e controle de complicações relacionadas às doenças
crônicas não transmissíveis (DCNT), responsáveis por 41
milhões de mortes anualmente em todo o mundo (OMS, 2023)
Adicionalmente, prejuízos ao erário público na ordem de 1,14
bilhão/ano, somente no Brasil (Bielemann, 2010).
Neste sentido, múltiplos esforços estão sendo realizados
para ampliar os níveis de AF nos diversos públicos, em especial
para pessoas mais jovens, onde os impactos precoces, são focos
de maiores discussões. No entanto, mesmo com as ações e metas
estabelecidas, parece que elas não estão produzindo os resultados
esperados. (World Obesity Federation, 2024).
Nessa perspectiva, a adoção de ferramentas para identificação
frente essa problemática, tornam-se imprescindíveis. A avaliação
das barreiras percebidas é crucial, pois, referem-se às dificuldades
subjetivas percebidas por indivíduos que podem impedir ou
desencorajar a adoção de comportamentos saudáveis, como a
prática de AF (ref ). Essas barreiras podem incluir fatores pessoais,
como falta de motivação, baixa autoestima e dificuldade de gestão
302 Entendendo os Temas Emergentes em Treinamento...
do tempo, que têm sido identificadas como as principais barreiras
(Rigoni, 2012; Sousa, 2010). É crucial compreender que a falta
de tempo não é meramente uma desculpa, mas sim um reflexo
das dificuldades organizacionais enfrentadas por muitos adultos
em equilibrar suas atividades diárias (Rech et al., 2018)., barreiras
ambientais, como a ausência de espaços adequados para a prática
de exercícios (Sousa, 2010), além de barreiras sociais, como a falta
de apoio de amigos e familiares, e econômicas, como a dificuldade
de acesso a academias ou equipamentos, que influenciam a decisão
e a capacidade de se engajar regularmente em atividades físicas.
Eventos e transições ao longo da vida exercem um impacto
negativo significativo sobre a AF e outros comportamentos de
estilo de vida (Winpenny et al., 2020), o que representa um desafio
adicional para a manutenção de hábitos saudáveis durante períodos
de mudança, particularmente entre os universitários (Ferreira Silva
et al., 2022). Evidências indicam uma diminuição na AF durante
a transição da adolescência para a idade adulta, com uma redução
média de 5,2 minutos por dia de atividade física de intensidade
moderada a vigorosa (Corder et al., 2019). Assim, o objetivo
do escopo do capítulo é discorrer sobre os desafios e percepções
enfrentadas pelas por esse segmento da população no percurso
formativo da educação básica e superior
Barreiras percebidas à prática de AF entre universitários
podem ser atribuídas a diversas dimensões, incluindo fatores
psicológicos, emocionais, cognitivos, ambientais, socioeconômicos
e demográficos, como falta de tempo, motivação, acessibilidade
a locais apropriados e limitações financeiras (Ferreira Silva et
al., 2022). Este estudo visa explorar e quantificar essas barreiras
específicas para a prática de AF no lazer entre estudantes
universitários, proporcionando uma compreensão mais profunda
dos fatores que influenciam seus comportamentos de saúde.