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Acta bot. bras. 23(3): 864-880. 2009.
O gênero Epidendrum L. (Orchidaceae) no Estado do Paraná, Brasil1
Juliane Franzen Stancik2,4, Renato Goldenberg2 e Fábio de Barros3
Recebido em 14/05/2007. Aceito em 30/01/2009
RESUMO – (O gênero Epidendrum L. (Orchidaceae) no Estado do Paraná, Brasil). Este trabalho teve como objetivo fornecer dados sobre
a composição florística, morfologia e distribuição das espécies do gênero Epidendrum no estado do Paraná, Brasil. São apresentadas: chave de
identificação e descrições das 22 espécies de Epidendrum ocorrentes. Epidendrum saximontanum Pabst é registrado pela primeira vez para
o estado.
Palavras-chave: Brasil, Epidendrum, Orchidaceae, Paraná, taxonomia
ABSTRACT – (The genus Epidendrum L. (Orchidaceae) in Paraná State, Brazil). The goal of this work is to supply data on the floristic
composition, morphology and species distribution of the genus Epidendrum in Paraná state, Brazil. An identification key and descriptions of
the 22 species of Epidendrum are presented. The occurrence of Epidendrum saximontanum Pabst is recorded for the first time in the state.
Key words: Brazil, Epidendrum, Orchidaceae, Paraná state, taxonomy
Introdução
A família Orchidaceae possui cerca de 24.500 espécies
(Dressler 2005) distribuídas por quase todo o mundo, mas
apresentando maior concentração e diversidade nas regiões
tropicais e subtropicais. Epidendroideae é a maior das cinco
subfamílias, com um número de gêneros e espécies superior
ao de todas as outras subfamílias juntas, e tem como
principal característica a antera geralmente incumbente
(Dressler 1993). O gênero Epidendrum L., com
aproximadamente 1.000 espécies, ocorre desde o sul dos
Estados Unidos até a Argentina (Rasmussen 1985), e tem
como principais características diferenciais os caules longos,
eretos e finos, raramente intumescidos em pseudobulbos,
as folhas geralmente dísticas, as margens ventrais do
ginostêmio coalescentes com o unguículo do labelo, e o
rostelo fendido e mais ou menos paralelo ao eixo do
ginostêmio. No Brasil ocorrem 107 espécies (Pabst & Dungs,
1975) e no Paraná, 22.
Nos últimos 30 anos, vários estudos tratando de
Epidendrum foram realizados, gerando várias publicações,
porém a maioria delas constituindo notas taxonômicas de
uma espécie (Dunsterville 1979; Dressler 1989) ou de um
pequeno grupo delas (Brieger 1978; Sastre 1990a; b; 1991;
Hágsater 1993; 2001; Saldaña & Hágsater 1996; Hágsater
et al. 2005). No Brasil, os trabalhos taxonômicos de maior
importância são os de Cogniaux (1893-1896) e de Pabst &
Dungs (1975; 1977), antigos e de difícil acesso, mas ainda
duas das mais significativas obras sobre as orquídeas
brasileiras. Para o Paraná não há trabalhos relevantes sobre
o gênero, apenas aqueles que trazem listas de espécies
ocorrentes no estado, como é o caso de Angely (1956) e
Schlechter (1926; 1944).
Muitos trabalhos vêm sendo realizados sobre as
orquídeas brasileiras nos últimos anos, contribuindo para o
conhecimento taxonômico da família, porém a maioria é
representada por descrições de novos táxons ou indicações
de novas ocorrências. Aqui é proposto um tratamento
taxonômico de Epidendrum, um dos gêneros maiores e mais
problemáticos da família, que poderá servir como guia de
identificação em levantamentos florísticos e estudos afins
realizados no Paraná. Objetivou-se, também, fornecer dados
sobre a composição florística, morfologia e distribuição das
espécies do gênero no Paraná.
Material e métodos
Área de estudo – O estado do Paraná situa-se entre as coordenadas
22º29’30’’-26º42’59’’S e 48º02’24’’-54º37’38’’W. Ao norte limita-se
com o estado de São Paulo, a leste com a orla do oceano Atlântico, ao
sul com o Estado de Santa Catarina e a oeste com o Estado do Mato
Grosso do Sul, além de Paraguai e Argentina (Maack 1981).
Em sua maior extensão, o Estado do Paraná é formado de escarpas
de estratos e planaltos que declinam suavemente em direção oeste e
noroeste. Em virtude da posição das escarpas, dos vales dos rios e dos
divisores de água, podem ser distinguidas cinco grandes regiões de
paisagens naturais: o litoral, a Serra do Mar, o primeiro planalto ou
planalto de Curitiba, o segundo planalto ou planalto de Ponta Grossa,
e o terceiro planalto ou planalto de Guarapuava. O litoral e o primeiro
planalto são separados por uma zona de serra que acompanha a grande
escarpa de falha do complexo cristalino (Maack 1981).
Segundo Velloso et al. (1991) os principais tipos de vegetação
ocorrentes no Paraná são: 1) Floresta Ombrófila Densa, no litoral e
Serra do Mar, com os subtipos de floresta Altomontana (altitudes
superiores a 1.000 m), Montana (altitude entre 400 e 1.000 m),
Submontana (altitude entre 30 e 400 m) e de Terras Baixas (até 30 m
de altitude), além de formações associadas (refúgios ou campos de
altitude; formações pioneiras ou restinga e mangue); 2) Floresta
Ombrófila Mista (ou Mata com Araucária), nas regiões mais altas ao
sul da região planaltina; 3) Estepe Ombrófila (ou “Campos Gerais”)
nas mesmas regiões; 4) Floresta Estacional Semidecidual Subxérica
(norte e oeste do Segundo e Terceiro Planaltos); 5) Savana Estacional
Subxérica (ou cerrado), no nordeste do estado.
Coleta de dados – Este trabalho foi baseado na análise morfológica de
exsicatas e exemplares coletados em diversas localidades do estado.
Foram consultadas as coleções de Epidendrum coletadas no Paraná,
dos seguintes herbários nacionais: CESJ, FUEL, HB, HUM, ICN, MBM,
PKDC, R, RB, SP e UPCB (siglas segundo Holmgren et al. 1990). As
descrições foram feitas, sempre que possível, baseadas apenas em
material proveniente do Paraná (listado em “Material selecionado ou
examinado”). Quando este foi considerado insuficiente, foram utilizados
1Parte da Dissertação de Mestrado da primeira Autora
2Universidade Federal do Paraná, Departamento de Botânica, Setor de Ciências Biológicas, Curitiba, PR, Brasil
3Instituto de Botânica, São Paulo, SP, Brasil
4Autora para correspondência: jstancik@hotmail.com
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Stancik et al.: O gênero Epidendrum L. (Orchidaceae) no Estado do Paraná, Brasil
materiais de estados vizinhos (neste caso, indicados em “Material
adicional”). Para a terminologia morfológica foram utilizados Radford
et al. (1974), e Dressler (1981) para terminologias específicas da
família Orchidaceae. A classificação adotada foi a mesma utilizada por
Pabst & Dungs (1975).
As informações referentes a aspectos ecológicos foram retiradas
das exsicatas e de observações feitas em campo, e a classificação
adotada para os tipos vegetacionais foi a de Roderjan et al. (1998). A
distribuição geográfica geral, para cada espécie amostrada, foi seguida
aquela apresentada por Pabst & Dungs (1975).
Resultados e discussão
Epidendrum L., Sp. Pl. ed. 2, p.1347. 1763.
Plantas epífitas, terrestres ou rupícolas, eretas ou
pendentes. Caule não espessado em pseudobulbo, simples
ou ramificado, compresso ou cilíndrico, recoberto por folhas
e bainhas das folhas; rizoma curto ou longo. Folhas em
geral numerosas, dísticas ou equitantes ao longo do caule,
coriáceas, subcoriáceas, cartáceas, submembranáceas ou
membranáceas, planas, ligeiramente conduplicadas ou
côncavas, elíptico-lineares, elípticas, linear-ovadas, linear-
lanceoladas, ovadas, oblongas, obovadas ou lanceoladas,
ápice arredondado, agudo, apiculado, ou retuso.
Inflorescência apical, em racemo, corimbo ou panícula, ereta
ou pendente, base envolvida ou não por brácteas. Flores
alaranjadas, alvacentas, amarelas, creme, creme-
esverdeadas, lilases, róseas, verdes ou vermelhas; sépalas
iguais ou não entre si, livres, planas ou côncavas; pétalas
semelhantes às sépalas, normalmente um pouco mais
estreitas, livres, planas ou ligeiramente côncavas, margens
lisas ou onduladas; labelo inteiro, trilobado ou tripartido,
plano ou conduplicado, margens lisas, fimbriadas ou
onduladas; calos presentes ou ausentes no disco do labelo;
ginostêmio adnado ao unguículo do labelo; polínias 4,
ceróides, lateralmente achatadas, com caudículas; ovário
com ou sem nectário do tipo cunículo, este, quando presente,
proeminente ou não. Frutos elipsóides, ovóides, globóides,
ou fusiformes.
Para o Brasil, são citadas em torno de 100 espécies do
gênero, distribuídas por todo o país, em regiões com os
mais diversos tipos climáticos e vegetacionais. Geralmente
ocorrem em altitude média, de 100 a 1.250 m (Pabst & Dungs
1975).
Para o Estado do Paraná, Pabst & Dungs (1975) citam 31
espécies de Epidendrum. No entanto, neste trabalho, das
31 espécies citadas, apenas 21 foram constatadas, além de
uma nova ocorrência. As demais espécies citadas:
Epidendrum aquaticum Lindl., E. crassifolium Lindl.,
E. difforme Jacq., E. ecostatum Pabst, E. ellipticum Grah.,
E. nutans Sw., E. obergii Hawkes, E. ochrochlorum Barb.
Rodr., E. paniculatum Ruiz & Pav., E. pedale Pabst,
E. pseudavicula Kraenzl., E. purpureum Barb. Rodr.,
E. rodriguesii Congn. e E. versicolor Hoehne & Schltr.,
que serão discutidas posteriormente, não foram
confirmadas, ou por representarem variações morfológicas
em alguns grupos mais complexos, ou por se tratar de
determinações incorretas, devido às semelhanças com
espécies afins. Espécies de Epidendrum ocorrem em todas
as regiões do estado, porém, apresentam forte predominância
nas regiões da Planície Litorânea e Serra do Mar. Da mesma
forma, ocorrem em todas as formações vegetacionais, mas
principalmente em Floresta Ombrófila Densa.
Pabst & Dungs (1975) apresentaram uma classificação
subgenérica informal em Epidendrum composta por: quatro
seções, oito grupos e 26 “alianças”. Todas as espécies
ocorrentes no Paraná fazem parte da seção II Epidendrum,
caracterizada por caules não espessados e folhas dísticas.
As espécies do grupo Spathaceae, E. armeniacum Lindl.
e E. cristatum Ruiz & Pav., apresentam inflorescência com a
base envolvida por grandes brácteas. A primeira delas
pertence à “Aliança E. armeniacum”, caracterizada por
apresentar flores de cerca de 6 mm de diâmetro; e a segunda,
à “Aliança E. cristatum”, na qual as inflorescências
apresentam pedúnculo mais curto que o racemo pendente.
O grupo Racemosae, representado por E. geniculatum
Barb. Rodr., E. henschenii Barb. Rodr. e E. proligerum Barb.
Rodr., apresenta inflorescência em racemo, porém a base
não é envolvida por brácteas conspícuas.
Epidendrum geniculatum e E. henschenii fazem parte da
“Aliança E. coronatum”, que possui como características:
o caule indiviso e a inflorescência pendente ou nutante. Já
E. proligerum pertence à “Aliança E. proligerum” por
apresentar o caule ramoso.
O grupo Filicaules, com apenas uma espécie representada
no Paraná (E. caldense Barb. Rodr.) tem como
características: os caules muito finos, de 1,5-2,0 mm de
diâmetro.
O maior grupo, Amphyglottidae, possui inflorescência
com pedúnculo muito longo, geralmente tão longo, ou quase,
quanto o caule, e está representado no Paraná por
E. ansiferum Rchb. f., E. denticulatum Barb. Rodr.,
E. fulgens Brongn., E. puniceoluteum F. Pinheiro & F. Barros
e E. secundum Jacq. Na “Aliança E. schomburgkii”,
caracterizada pelo labelo trilobado, com lobos laterais
ciliados ou denticulados e lobo mediano com lamela
longitudinal, estão as espécies: E. fulgens e
E. puniceoluteum. Pabst & Dungs (1975) posicionam
E. secundum na “Aliança E. polyanthum”, que engloba
espécies que possuem o labelo trilobado com margens
inteiras. A espécie que, neste trabalho, está sendo tratada
sob o binômio E. secundum, é o que Pabst & Dungs (1975)
denominam E. crassifolium Lindl., pertencente à “Aliança
E. denticulatum” que possui como características principais:
labelo trilobado, lobos ciliados ou denticulados e lobo
mediano com calosidade, mas sem lamela longitudinal. Fazem
parte dela E. ansiferum e E. denticulatum.
O grupo Subumbellatae apresenta flores sésseis,
solitárias ou aglomeradas. Epidendrum nocturnum Jacq.
faz parte da “Aliança E. nocturnum”, na qual o labelo é
trilobado com o lobo mediano linear ou acicular. Já
E. latilabre Lindl. e E. pseudodifforme Hoehne & Schltr.
pertencem à “Aliança E. difforme” caracterizada pelo labelo
inteiro ou apenas exciso no ápice.
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Stancik et al.: O gênero Epidendrum L. (Orchidaceae) no Estado do Paraná, Brasil
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O grupo Paniculatae, representado por:
E. dendrobioides Thunb. e E. densiflorum Hook., possui
inflorescência paniculada. Pabst & Dungs (1975) listam
como características da “Aliança E. aquaticum”, à qual
pertence E. dendrobioides, o labelo largamente trilobado,
cordiforme e conduplicado. No entanto, neste trabalho, o
labelo de E. dendrobioides caracterizou-se inteiro.
Epidendrum densiflorum está posicionado na “Aliança
E. paniculatum”, a qual é caracterizada por apresentar o
labelo tetralobado. Porém, no presente levantamento, o
labelo de E. densiflorum apresentou-se trilobado a
tetralobado.
O grupo Strobiliferae é caracterizado por apresentar
grandes brácteas florais imbricadas que cobrem todo o
ovário e parte da flor. A “Aliança E. rigidum”, com plantas
eretas de rizoma longo e caule não ramificado, está
representada por E. rigidum Jacq. Já E. ramosum Jacq.,
E. paranaense Barb. Rodr., E. saximontanum Pabst e
E. strobiliferum Rchb.f. fazem parte da “Aliança
E. ramosum”, caracterizada por plantas pendentes,
ramificadas e flores em racemos.
O grupo Equitantes está representado no Paraná apenas
por E. vesicatum Lindl. que apresenta o caule pendente e as
folhas imbricadas, com as apicais cobrindo as flores.
Chave de identificação para as espécies de Epidendrum do Estado do Paraná
1. Caule pendente
2. Folhas côncavas ou conduplicadas
3. Folhas côncavas, 3,5-12,8×1,3-6,0 cm .......................................................................................... 22. E. vesicatum
3. Folhas conduplicadas, 0,6-1,2×0,2-0,45 cm........................................................................... 19. E. saximontanum
2. Folhas planas a ligeiramente conduplicadas
4. Brácteas florais cobrindo o pedicelo, e até parte da flor, sem esconder o eixo da inflorescência
....................................................................................................................................................... 17. E. ramosum
4. Brácteas florais cobrindo o pedicelo, e até parte da flor, escondendo o eixo da inflorescência
5. Caule 14-80 cm compr.; folhas 4,5-15,5×1,1-3,0 cm; flores com sépalas e pétalas de 1 cm compr. ou
maiores ................................................................................................................................. 13. E. paranaense
5. Caule 2-12 cm compr.; folhas 0,7-2,8×0,3-0,8 cm; flores com sépalas e pétalas menores que 1 cm
compr. ................................................................................................................................. 21. E. strobiliferum
1. Caule ereto
6. Caule ramificado
7. Folhas coriáceas; base da inflorescência envolta por brácteas de ca. 1 cm compr.; brácteas florais
cobrindo o pedicelo e até parte da flor; flores creme-esverdeadas, com sépalas e pétalas menores
que 0,9 cm compr......................................................................................................................5. E. dendrobioides
7. Folhas membranáceas; base da inflorescência não envolta por brácteas; brácteas florais cobrindo
até a metade do pedicelo; flores verdes, com sépalas e pétalas maiores que 0,9 cm compr....... 14. E. proligerum
6. Caule simples
8. Inflorescência encurvada a pendente
9. Brácteas da base da inflorescência menores que 2 cm compr................................................ 10. E. henschenii
9. Brácteas da base da inflorescência maiores que 2 cm compr.
10. Sépalas e pétalas verde-amareladas; labelo verde-amarelado, menor que 1 cm compr.,
conduplicado, lobos laterais de margem ligeiramente ondulada e lobo mediano lanceolado
a deltóide de margem inteira ...........................................................................................2. E. armeniacum
10. Sépalas e pétalas verdes; labelo creme com pintas vinosas, maior que 1 cm compr., plano,
lobos laterais de margem ondulada e duas aurículas, e lobo mediano bilobulado de margem
ondulada.............................................................................................................................. 4. E. cristatum
8. Inflorescência ereta
11. Inflorescência em corimbo
12. Sépalas e pétalas lilases a róseas
13. Labelo com um calo, constituído por duas saliências ovóides, basais, e uma lamela
longitudinal central, de coloração creme ............................................................. 7. E. denticulatum
13. Labelo com um calo inteiriço, variadamente lobulado, de coloração alva e/ou amarela
.................................................................................................................................. 20. E. secundum
12. Sépalas e pétalas predominantemente vermelhas, alaranjadas ou amarelas
14. Sépalas e pétalas vermelhas, menores que 1 cm compr.; labelo com um calo inteiriço,
alongado, variadamente lobulado .............................................................................. 1. E. ansiferum
14. Sépalas e pétalas amarelas, alaranjadas ou vermelhas, de 1 cm compr. ou maiores;
labelo com calo constituído por duas saliências ovóides, basais e uma lamela
longitudinal central
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15. Sépalas e pétalas amarelas a vermelhas; labelo com lobos laterais suborbiculares,
margem denticulada, lobo mediano retangular a deltóide, emarginado a profunda-
mente emarginado, istmo inconspícuo .................................................................... 8. E. fulgens
15. Sépalas e pétalas vermelho-purpúreas; labelo com lobos laterais obtriangulares,
margem denticulada, lobo mediano obtriangular, bilobulado, istmo bastante
conspícuo .................................................................................................. 16. E. puniceoluteum
11. Inflorescência em panícula ou racemo
16. Pedúnculo da inflorescência ca. 1 cm de compr.
17. Sépalas e pétalas creme-esverdeadas; labelo trilobado, com o lobo mediano linear-
triangular, agudo no ápice.......................................................................................12. E. nocturnum
17. Sépalas e pétalas verdes; labelo trilobado, com o lobo mediano suborbicular, fendido
no ápice
18. Caule estreito na base e espessando para o ápice; labelo 1,6-3,2×2-4 cm, refletido
............................................................................................................................. 11. E. latilabre
18. Caule com a mesma espessura da base ao ápice; labelo ca. 1,1×1,2 cm, sub-patente
.................................................................................................................. 15. E. pseudodifforme
16. Pedúnculo da inflorescência maior que 1 cm compr.
19. Labelo trilobado a tetralobado
20. Sépalas e pétalas lilases a róseas com calo alvo e/ou amarelo ......................... 20. E. secundum
20. Sépalas e pétalas verdes a alvacentas
21. Sépalas e pétalas verdes; labelo verde, com calo constituído por duas saliências
ovóides basais ................................................................................................ 3. E. caldense
21. Sépalas e pétalas verde-claras a alvacentas; labelo creme, com calo constituído
por duas saliências arredondadas, basais, e uma lamela longitudinal central,
da base ao ápice do labelo ........................................................................ 6. E. densiflorum
19. Labelo inteiro
22. Sépalas e pétalas de coloração creme; labelo ca. 1,1×0,55 cm, deltóide-espatulado
................................................................................................................................9. E. geniculatum
22. Sépalas e pétalas verdes; labelo 0,6-0,8×0,3-0,4 cm, cordiforme ................................. 18. E. rigidum
1. Epidendrum ansiferum Rchb. f., Bonplandia 2: 111. 1854.
Fig. 1
Terrestre ou rupícola, ereta. Caule 30-62 cm compr.,
simples, cilíndrico, ca. 0,6 cm diâm., espessura constante;
rizoma não observado. Folhas 5,2-12×1-2,4 cm, dísticas,
coriáceas, ovadas a lanceoladas, planas, ápice arredondado.
Inflorescência 6-48,5 cm compr., em corimbo, apical, ereta,
base do pedúnculo envolvida por brácteas com ca. 2 cm
compr.; brácteas florais membranáceas, 0,3-0,8 cm compr.,
linear-triangulares a triangulares, cobrindo a base do
pedicelo, ápice agudo. Flores 5-68 por inflorescência;
pedicelo + ovário 1,2-3 cm compr., base não vesicada;
sépalas vermelhas, a dorsal 0,7-0,9×0,25-0,4 cm, elíptica,
plana, ápice agudo a apiculado, as laterais ca. 0,8×0,35 cm,
lanceoladas, subfalcadas, planas, ápice agudo a apiculado;
pétalas ca. 0,7×0,25 cm, vermelhas, estreitamente elípticas,
margem inteira, ápice agudo a apiculado; labelo ca.
0,8×0,7 cm, vermelho, delgado, plano, trilobado, lobos
laterais orbiculares, margem denticulada, istmo pouco
evidente, lobo mediano obreniforme, margem denticulada,
ápice emarginado, calo alvo e/ou amarelado, ca. 0,2 cm
compr., inteiriço, alongado, variadamente lobulado, central;
ginostêmio 0,4-0,6 cm compr. Fruto ca. 2,9×1,4 cm, elipsóide.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Cerro Azul,
17/VIII/1966, Lindeman 2366 (HB, MBM).
Material adicional: BRASIL. São Paulo: Águas Mornas,
14/XII/1972, Klein 10550 (HB); Itapecerica, 6/V/1936, Gehrt s.n.
(RB87646); Serra da Bocaina, 3/V/1968, Sucre 2833 (HB, RB).
Observações: ocorre no Brasil (CE, PE, BA, GO, MG, ES,
RJ, SP, PR, SC, RS). Coletada com flores em maio, agosto e
dezembro. Ocorre no Paraná como terrestre ou rupícola em
paredão de arenito em locais ensolarados de Floresta
Ombrófila Densa Montana. A coloração vermelha de suas
flores, pode confundi-la com E. fulgens Brongn. e
E. puniceoluteum F. Pinheiro & F. Barros. No entanto, estas
duas espécies apresentam porte maior (até o dobro da altura
da planta de E. ansiferum e flores de ca. 3 cm de diâmetro) e
ocorrem na região de restinga, onde E. ansiferum não
aparece. Epidendrum ansiferum também é muito próxima
de outras duas espécies, E. denticulatum Barb. Rodr. e
E. secundum Jacq. Neste caso ocorrem na mesma região,
apresentam aproximadamente as mesmas dimensões e
formato do labelo, porém E. denticulatum e E. secundum
possuem flores lilases a róseas e a primeira delas, possui
calo muito diferente, constituído apenas de duas calosidades
arredondadas e uma lamelar central.
2. Epidendrum armeniacum Lindl., Edward’s Bot. Reg. 22:
tab. 1867. 1836.
= Amblostoma armeniacum (Lindl.) Brieger ex Pabst, Bradea
2(24): 168. 1977.
Fig. 2
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Stancik et al.: O gênero Epidendrum L. (Orchidaceae) no Estado do Paraná, Brasil
868
Epífita, ereta. Caule 6-19 cm compr., simples, compresso,
0,3-0,4 cm larg., espessura constante; rizoma inconspícuo.
Folhas 2,4-14×0,4-1,7 cm, dísticas, coriáceas, elíptico-lineares
a lanceoladas, planas, ápice agudo. Inflorescência 7-21,5 cm
compr., em racemo, apical, encurvada a pendente, base do
pedúnculo envolvida por 1-3 brácteas de 2,5-5 cm compr.;
brácteas florais membranáceas, ca. 0,7×0,05-0,1 cm, linear-
triangulares, cobrindo o pedicelo e parte da flor, ápice
acuminado. Flores 50-70 por inflorescência; pedicelo +
ovário ca. 0,5 cm compr., base não vesicada; sépalas verde-
amareladas, a dorsal 0,3-0,4×0,1 cm, lanceolada, plana, ápice
acuminado, as laterais 0,35-0,4×0,1-0,12 cm, lanceoladas,
subfalcadas, ligeiramente côncavas, ápice agudo; pétalas
0,2-0,3×ca. 0,03 cm, verde-amareladas, lineares a linear-
triangulares, margem inteira, ápice arredondado a agudo;
labelo ca. 0,4×0,1-0,2 cm, verde-amarelado, carnoso,
conduplicado, trilobado, lobos laterais suborbiculares,
margem ligeiramente ondulada, lobo mediano lanceolado a
deltóide, margem inteira, ápice agudo; calo alvo, ca. 0,2 cm
diâm., inteiriço, cordiforme, central; ginostêmio ca. 0,5 mm
compr. Fruto não observado.
Material selecionado: BRASIL. Paraná: Antonina,
30/XI/1965, Hatschbach 13199 (HB); Guaraqueçaba,
13/VII/1999, Gatti 238 (UPCB); Morretes, 15/XII/1998,
Kaehler 70 (UPCB); Paranaguá, 15/I/1970, Hatschbach
23342 (MBM); Piraquara, IV/1958, Leinig 26 (HB).
Observações: ocorre no Equador, Bolívia, Peru e Brasil
(PE, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS). Coletada com flores durante
praticamente o ano todo. No Paraná, ocorre como epífita em
locais sombreados, em Floresta Ombrófila Densa Montana
e Submontana, e áreas de contato Estepe/Floresta Ombrófila
Mista. Pode ser facilmente reconhecida por apresentar
inflorescência em racemo, encurvada a pendente, com
pequenas e numerosas flores verde-amareladas de
aproximadamente 0,6 cm de diâmetro, caule estreito, reto e
compresso, e brácteas longas na base da inflorescência,
que cobrem praticamente todo o pedúnculo.
3. Epidendrum caldense Barb. Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2:
148. 1881.
= Epidendrum paulense Cogn. in Mart., Fl. Bras. 3(5): 159.
1898.
= Epidendrum hatschbachii Schltr., Repert. Spec. Nov.
Regni Veg. 23: 48. 1926.
Fig. 3
Epífita, ereta. Caule 4,5-19 cm compr., simples, cilíndrico,
0,1-0,2 cm diâm., espessura constante; rizoma inconspícuo.
Folhas 2,2-7×0,25-0,8 cm, dísticas, cartáceas, elíptico-lineares
a elípticas, planas, ápice apiculado. Inflorescência 2-3,5 cm
compr., em racemo, apical, ereta, base do pedúnculo
envolvida por 2 brácteas de ca. 1 cm compr.; brácteas florais
membranáceas, 0,3-0,9×0,1 cm, lanceoladas a deltóides,
cobrindo a base do pedicelo, ápice longamente acuminado.
Flores 4-7 por inflorescência; pedicelo + ovário 0,4-1,5 cm
compr., base não vesicada; sépalas verdes, a dorsal
0,7-1,2×0,15-0,3 cm, oblanceolada, plana, ápice agudo a
arredondado, as laterais 0,6-1,2×0,15-0,3 cm, lanceoladas,
subfalcadas, planas, ápice acuminado; pétalas 0,6-1,2×
0,1 cm, verdes, linear-oblanceoladas, margem inteira, ápice
agudo; labelo 0,7-2,45×0,4-2,5 cm, verde, delgado, plano,
trilobado, lobos laterais suborbiculares, margem ligeiramente
ondulada, lobo mediano oblongo-obtriangular, margem
inteira, ápice arredondado; calo verde-claro, constituído por
duas saliências ovóides com ca. 0,1 cm diâm., próximas entre
si, basais; ginostêmio 0,5-0,7 cm compr. Fruto não observado.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Campo Largo,
IV/1961, Leinig 244 (HB); Curitiba, VI/1960, Leinig 197 (HB);
São Jerônimo da Serra, III/1972, Seidel 1025 (HB); São José
dos Pinhais, 16/III/1961, Seidel 1-61 (HB); Tibagi, 9/V/1953,
Hatschbach 3252 (HB, MBM).
Observações: ocorre no Brasil (MG, SP, PR, SC, RS).
Coletada com flores entre março e junho. No Paraná ocorre
como epífita em Floresta Ombrófila Mista e em áreas de
contato Estepe/Floresta Ombrófila Mista. Das espécies de
Epidendrum que ocorrem no Paraná, é uma das mais fáceis
de ser reconhecida vegetativamente, por apresentar caules
eretos, muito finos, com até 0,2 cm de diâmetro, e folhas
dísticas estreitas, características do “grupo Filicaules” (Pabst
& Dungs 1975), ao qual pertence.
4. Epidendrum cristatum Ruiz & Pav., Syst. Veg. Fl. Peruv.
Chil. 1: 243. 1798.
= Epidendrum raniferum Lindl., Gen. Sp. Orchid. Pl. p.109.
1831.
= Epidendrum calliferum Lem., Jard. Fleur. 4: 65. 1853.
= Epidendrum hexadactylum Barb. Rodr., Gen. Sp. Orchid.
1: 56. 1877.
= Epidendrum longovarium Barb. Rodr., Gen. Sp. Orchid. 1:
57. 1877.
= Epidendrum validum Schltr., Repert. Spec. Nov. Regni
Veg. Beih. 9: 95. 1921.
Fig. 4
Epífita, ereta. Caule 33-64 cm compr., simples, compresso,
0,5-0,8 cm larg., espessura constante; rizoma curto, ca. 1 cm.
Folhas 5,5-17×1-2,8 cm, dísticas, coriáceas, elípticas, planas,
ápice arredondado. Inflorescência 8-25,5 cm compr., em
racemo, apical, pendente, base do pedúnculo envolvida por
ca. 6 brácteas imbricadas de 3-7,5 cm compr.; brácteas florais
membranáceas, 0,5-0,7×ca. 1 cm, lanceoladas, cobrindo a
base do pedicelo, ápice agudo. Flores 10-25 por
inflorescência; pedicelo + ovário 2,5-4,5 cm compr., base
não vesicada; sépalas verdes, a dorsal 1,7-2×0,25-0,3 cm,
oblanceolada, plana, ápice arredondado a agudo, as laterais
1,5-1,8×0,28-0,5 cm, oblanceoladas, planas, ápice
arredondado a agudo; pétalas 1,6-1,8×0,15-0,2 cm, verdes,
linear-oblanceoladas, margem inteira, ápice arredondado a
agudo; labelo 2,1-2,4×0,8-1,4 cm, creme com pintas vinosas,
delgado, plano, trilobado, lobos laterais suborbiculares com
2 aurículas, margens onduladas, lobo mediano bilobulado,
margem ondulada, ápice arredondado, calo ausente;
ginostêmio 1,2-1,4 cm compr. Fruto não observado.
v23n3_28.pmd 23/9/2009, 11:45868
Acta bot. bras. 23(3): 864-880. 2009. 869
Material selecionado: BRASIL. Paraná: Cerro Azul,
24/I/1974, Hatschbach 33753 (HB, MBM); Guaraqueçaba,
6/I/1970, Hatschbach 23296 (MBM); Guaratuba, 7/XII/1961,
Hatschbach 8703 (MBM); Ipiranga, 16/II/1904, Dusén 3782
(R); Pontal do Paraná, II/1973, Leinig 510 (HB).
Observações: ocorre desde a América Central até o Sul
do Brasil. Coletada com flores entre dezembro e fevereiro.
No Paraná ocorre como epífita em locais sombreados, em
Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas e Montana.
Destaca-se por seu porte avantajado, com longos caules
crescendo em touceiras. As inflorescências, com a base do
pedúnculo quase totalmente recoberta por aproxima-
damente 6 brácteas imbricadas, sustentam até 25 flores
perfumadas que abrem simultaneamente durante o verão.
5. Epidendrum dendrobioides Thunb., Pl. Bras. 2: 17. 1818.
= Epidendrum carnosum Lindl., J. Bot. 3: 87. 1841.
= Epidendrum durum Lindl., J. Bot. 3: 87. 1841.
Fig. 5
Terrestre, ereta. Caule 3-12 cm compr., ramificado,
cilíndrico, 0,2-0,5 cm diâm., espessura constante; rizoma
inconspícuo. Folhas 0,8-4,7×0,45-1 cm, coriáceas, ovadas a
lanceoladas, planas, ápice agudo a curtamente apiculado.
Inflorescência 2,1-12 cm compr., em racemo ou panícula,
apical, ereta, base do pedúnculo envolvida por brácteas de
ca. 1 cm compr.; brácteas florais membranáceas, 0,4-0,8 cm
compr., linear-triangulares a triangulares, cobrindo o
pedicelo e parte da flor, não escondendo o eixo da
inflorescência, ápice acuminado. Flores 3-18 por
inflorescência; pedicelo + ovário 0,4-0,8 cm compr., base
não vesicada; sépalas creme-esverdeadas, a dorsal 0,5-0,6×
0,1-0,2 cm, elíptica, côncava, ápice agudo, as laterais
0,5-0,65×0,25-0,3 cm, lanceoladas, subfalcadas, côncavas,
ápice agudo; pétalas 0,5-0,6×0,1 cm, creme-esverdeadas,
linear-elípticas, sinuosas, margem inteira, ápice
arredondado; labelo 0,6-0,7×0,6-0,7 cm, creme-esverdeado,
carnoso, conduplicado, inteiro, cordiforme, margem inteira,
ápice agudo, calo ausente; ginostêmio ca. 0,3 cm compr.
Fruto 1,1-1,5×0,6-0,9 cm, ovóide a elipsóide.
Material selecionado: BRASIL. Paraná: Arapoti,
24/X/1961, Hatschbach 8520 (HB, MBM, UPCB); Campo
Largo, 18/XI/1961, Hatschbach 8809 (HB, MBM); Capão
Grande, III/1904, Dusén s.n. (R35863); Jaguariaíva, 4/XII/1964,
Hatschbach 11971 (HB); Palmeira, 28/XI/1986, Hatschbach
50831 (MBM); Palmeira, 26/XI/2003, Stancik 51 (UPCB);
Piraí do Sul, 16/I/1965, Smith 14561 (HB); Ponta Grossa,
16/XI/1959, Leinig 158 (HB); Sengés, 7/X/1971, Hatschbach
27142 (HB); Ventania, 16/III/1961, Seidel 2-62 (HB).
Observações: ocorre na Venezuela e Brasil (MT, GO, MG,
RJ, SP, PR). Coletada com flores entre setembro e março e
em maio, e com frutos entre janeiro e novembro. No Paraná,
ocorre como terrestre, comumente junto de Sphagnum, em
barrancos bastante úmidos e/ou próximo a fontes de água,
em Floresta Ombrófila Mista e Estepe. Epidendrum
dendrobioides não é citado por Pabst & Dungs (1975) para
o Paraná, mas sim duas outras espécies afins, E. aquaticum
Lindl. e E. pseudavicula Kraenzl. As três são espécies muito
próximas e apresentam características vegetativas e florais
muito semelhantes. Analisando as descrições das mesmas
em Cogniaux (1893-1896), constata-se que a diferença entre
elas está baseada apenas no tamanho, o que pode ser
considerado como simples variação dentro de uma mesma
espécie. Optou-se por usar, neste trabalho, o nome
E. dendrobioides Thunb., por ser o mais antigo. Esse grupo
merece revisão, e provavelmente estes nomes devam ser
considerados sinônimos.
6. Epidendrum densiflorum Hook., Bot. Mag. 67: t. 3791.
1840.
= Epidendrum compositum Vell., Fl. Flumin. 9: t. 39. 1860.
= Epidendrum noackii Cogn. in Mart., Fl. Bras. 3(6): 569.
1906.
= Epidendrum brachythyrsus Kraenzl., Kongl. Svenska
Vetenskapsakad. Handl. 46: 59. 1911.
Fig. 6
Epífita ou terrestre, ereta. Caule 6-90 cm compr., simples,
compresso, 0,3-0,8 cm larg., espessura constante; rizoma
inconspícuo. Folhas 1,7-15,5×0,7-5,2 cm, dísticas, subcoriá-
ceas a submembranáceas, lanceoladas a elípticas, planas,
ápice agudo. Inflorescência 4,5-40 cm compr., em panícula,
apical, ereta, base do pedúnculo envolvida por brácteas de
2,5-6 cm compr.; brácteas florais membranáceas, 0,3-1,5 cm
compr., ovaladas, cobrindo a base do pedicelo, ápice
acuminado. Flores 6-80 por inflorescência; pedicelo + ovário
1-3,8 cm compr., base não vesicada; sépalas verde-claras a
alvacentas, a dorsal 1-1,9×0,2-0,45 cm, oblanceolada a
obovada, levemente côncava, ápice agudo, as laterais
1-1,7×0,3-0,45 cm, lanceoladas a obovadas, levemente
encurvadas, levemente côncavas, ápice agudo; pétalas
1-1,8×0,05-0,2 cm, verde-claras a alvacentas, linear-
oblanceoladas, margem inteira, ápice agudo; labelo 1-1,9×
0,7-1,2 cm, creme, carnoso, plano, trilobado a tetralobado,
lobos laterais suborbiculares, margem inteira, lobo mediano,
quando trilobado, rasamente obtriangular com os ângulos
arredondados, e quando tetralobado, lobos medianos
lineares, falcados, divaricados, margem inteira; calo creme
constituído por duas saliências arredondadas ca. 0,1 cm,
distantes entre si, basais, e uma lamela alongada central, ca.
0,3 cm, da base ao ápice do labelo; ginostêmio 0,6-1,1 cm
compr. Fruto não observado.
Material selecionado: BRASIL. Paraná: Antonina,
30/XI/1965, Hatschbach 13191 (HB, MBM); Campina Grande
do Sul, 21/V/1967, Hatschbach 16465 (HB, MBM, UPCB);
Campo Mourão, 15/V/1967, de Haas 5308 (HB); Capão
Grande, III/1904, Dusén 4175 (HB, R, RB); Chopinzinho,
26/V/1972, Hatschbach 29720 (HB, MBM); Foz do Iguaçu,
15/XII/1965, Hatschbach 13366 (MBM); Guaíra, 24/I/1967,
Hatschbach 15867 (HB); Guaratuba, 19/VI/1963,
Hatschbach 10112 (MBM); Ipiranga, 25/IV/1904, Dusén
4465 (R); Jundiaí do Sul, 14/VI/1999, Carneiro 693 (MBM);
Laranjeiras do Sul, 20/III/1967, Lindeman 5040 (MBM);
Londrina, 21/V/2001, Ferrarezi 18 (FUEL); Palmital, II/1954,
v23n3_28.pmd 23/9/2009, 11:45869
Stancik et al.: O gênero Epidendrum L. (Orchidaceae) no Estado do Paraná, Brasil
870
Leinig 94 (HB); Paranaguá, 30/VI/1986, Britez 773 (MBM,
UPCB); Piraquara, 15/IV/1949, Hatschbach 1427 (MBM);
Pontal do Paraná, 15/V/2003, Stancik 22 (UPCB);
Prudentópolis, 10/IV/2003, Goldenberg 580 (UPCB); São
Jorge do Oeste, 10/VI/1968, Hatschbach 19349 (HB);
Sapopema, 24/V/1997, Kinupp 544 (FUEL); Terra Boa,
18/V/1969, Hatschbach 21558 (HB, MBM, UPCB); Tibagi,
8/VI/1953, Hatschbach 3292 (HB).
Material adicional: BRASIL. Santa Catarina: Enseada
de Brito, VIII/1946, Curris s.n. (RB57456).
Observações: ocorre na Colômbia, Venezuela, Costa Rica,
Guiana Francesa, Equador e Brasil (PA, AM, RO, MT, BA,
GO, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS). Coletada com flores
praticamente durante todo o ano. No Paraná ocorre como
epífita e também como terrestre sobre detritos vegetais, em
Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, Submontana e
Montana, Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional
Semidecidual. Espécie de grande porte para o gênero, forma
grandes touceiras de caules que quase chegam a 1 m de
altura, dos quais saem grandes panículas de flores verde-
claras a alvacentas, de consistência carnosa. As flores
exalam forte perfume que pode ser sentido a alguns metros
de distância. Todos os materiais de E. densiflorum
analisados estavam identificados como E. paniculatum Ruiz
& Pav., binômio comumente citado como sinônimo. No
entanto, de acordo com Dodson & Dodson (1980),
E. paniculatum é uma outra espécie, muito próxima de
E. densiflorum, cuja distribuição é restrita ao Equador e ao
Peru. Pabst & Dungs (1975) também citam para o Paraná,
outra espécie muito próxima desta: E. nutans Sw., descrita
originalmente para a Jamaica. Acredita-se que as identifi-
cações de Pabst, assim como a citação de E. nutans para o
Paraná, se devam a determinações equivocadas de
exemplares de E. densiflorum, pois a única exsicata
encontrada, determinada por Pabst como E. nutans [Curris
s.n. (RB57456)], pertence, na verdade, a E. densiflorum.
7. Epidendrum denticulatum Barb. Rodr., Gen. Sp. Orchid.
2: 143. 1881.
Fig. 7
Terrestre ou rupícola, ereta. Caule 30-60 cm compr.,
simples, cilíndrico, ca. 0,7 cm diâm., espessura constante;
rizoma não observado. Folhas 4,9-12×1,1-2,9 cm, dísticas,
coriáceas, ovadas a lanceoladas, planas, ápice arredondado.
Inflorescência ca. 56 cm compr., em corimbo, apical, ereta,
base do pedúnculo envolvida por brácteas de 3-5 cm compr.;
brácteas florais membranáceas, 0,1-0,5 cm compr., linear-
triangulares a triangulares, cobrindo a base do pedicelo,
ápice acuminado. Flores 30-115 por inflorescência; pedicelo
+ ovário 1-3 cm compr., base não vesicada; sépalas lilases a
róseas, a dorsal 0,8-1×0,25-0,3 cm, ovada, plana, ápice
agudo, as laterais 0,8-1,1×ca. 0,4 cm, obovadas, subfalcadas,
ligeiramente côncavas, ápice agudo; pétalas 0,8-1,1×
0,25-0,4 cm, lilases a róseas, oblanceoladas, margem inteira,
ápice agudo; labelo 0,9-1,3×0,7-0,9 cm, lilás a róseo, delgado,
plano, trilobado, lobos laterais deltóides, margem
denticulada, istmo pouco evidente, lobo mediano deltóide,
margem denticulada, ápice levemente bifurcado, calo creme,
constituído por duas protuberâncias ovóides, ca. 0,1 cm,
basais, e uma lamela longitudinal, ca. 0,2 cm, central;
ginostêmio ca. 0,3 cm compr. Fruto não observado.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Guaíra, 6/II/1980,
Buttura 425 (MBM); Jaguariaíva, VII/1996, Noschang et al.
s.n. (UPCB27536); Jaguariaíva, 10/VII/2003, Stancik 35
(UPCB).
Material adicional: BRASIL. Minas Gerais: Tiradentes,
16/II/1987, fl., Valka-Alves 23 (HB).
Observações: ocorre no Brasil (PE, BA, MG, ES, RJ, SP,
PR, SC, RS). Coletada com flores em fevereiro e julho. No
Paraná ocorre como terrestre ou rupícola em paredão de
arenito em locais ensolarados de Floresta Ombrófila Mista.
Espécies próximas de E. denticulatum, como E. ansiferum
Rchb. f. e E. secundum Jacq., podem ser separadas por
características das flores. Epidendrum ansiferum possui
flores vermelhas, enquanto E. denticulatum e E. secundum
apresentam flores lilases a róseas, com labelo trilobado muito
semelhantes entre si e podem ser separadas por detalhes da
calosidade do labelo: E. denticulatum apresenta calo
constituído por duas saliências ovóides basais, e uma lamela
central, de coloração creme, enquanto E. secundum possui
um calo inteiriço, central, variadamente lobulado, de cor
alva e/ou amarela.
8. Epidendrum fulgens Brongn., Voy. Monde p.196: t. 43.
1834.
= Epidendrum mosenii Rchb. f., Gard. Chron. new ser. 14:
390. 1880.
= Epidendrum bradeanum Kraenzl., Ark. Bot. 14(10): 3. 1915.
Fig. 8
Terrestre ou rupícola, ereta. Caule 30-150 cm compr.,
simples, cilíndrico, 0,5-0,8 cm diâm., espessura constante;
rizoma curto. Folhas 2,6-9,3×0,7-2,4 cm, dísticas, coriáceas,
elíptico-ovadas a linear-elípticas, planas, ápice agudo,
arredondado ou emarginado. Inflorescência 16,5-42,8 cm
compr., em corimbo, apical, ereta, base do pedúnculo
envolvida por brácteas de ca. 6 cm compr.; brácteas florais
membranáceas, 0,2-1,7×0,1-0,2 cm, linear-triangulares,
cobrindo a base do pedicelo, ápice acuminado. Flores 10-70
por inflorescência, pedicelo + ovário 0,8-3,7 cm compr., base
não vesicada; sépalas amarelas a vermelhas, a dorsal
1,1-1,5×0,4-0,6 cm, lanceolada a obovada, plana, ápice agudo
a arredondado, as laterais 1-1,5×0,4-0,7 cm, lanceoladas a
obovadas, subfalcadas, ligeiramente côncavas, ápice agudo
a arredondado; pétalas 1-1,6×0,3-0,7 cm, amarelas a
vermelhas, rômbicas a obovadas, margem inteira a
esparsamente erosa, ápice agudo a arredondado; labelo
1,2-1,9×0,9-1,8 cm, amarelo a vermelho, delgado, plano,
trilobado, lobos laterais suborbiculares, margem denticulada,
istmo pouco evidente, lobo mediano retangular a deltóide,
margem denticulada, ápice emarginado a profundamente
emarginado, calo amarelo a vermelho, constituído por duas
saliências ovóides, ca. 0,1 cm, basais, e uma lamela,
v23n3_28.pmd 23/9/2009, 11:45870
Acta bot. bras. 23(3): 864-880. 2009. 871
longitudinal, ca. 0,15 cm, central; ginostêmio 0,9-1,2 cm compr.
Fruto ca. 3,3×1 cm, elipsóide.
Material selecionado: BRASIL. Paraná: Guara-
queçaba, 19/I/1993, Prado 415 (UPCB); Guaratuba,
X/1951, Frenzel s.n. (MBM4798); Guaratuba, 25/I/1961,
Leinig 232 (HB); Matinhos, 28/VIII/1972, Hatschbach
30262 (MBM); Paranaguá, 27/XI/1970, Hatschbach
25654 (HB, MBM); Pontal do Paraná, 10/X/1965, Moreira
Filho 338 (UPCB).
Observações: ocorre no Brasil (RJ, SP, PR, SC, RS).
Coletada com flores e frutos durante praticamente todo o
ano. No Paraná é bastante comum em formações pioneiras
(Restingas), onde ocorre em solos arenosos em locais
ensolarados nas bordas da mata, junto à praia. A morfologia
de suas flores varia bastante, o que pode causar confusão
com E. puniceoluteum F. Pinheiro & F. Barros. As flores de
E. fulgens variam desde o amarelo até o vermelho, que tende
para o alaranjado, e possuem labelo trilobado, com lobos
laterais suborbiculares, lobo mediano emarginado a
profundamente emarginado de margens fimbriadas e istmo
pouco evidente. Epidendrum puniceoluteum, por sua vez,
apresenta flores predominantemente vermelho-purpúreas,
tendendo para o bordô, e labelo com lobos laterais
obtriangulares, lobo mediano bilobulado e istmo bastante
evidente. Foram encontrados, porém, exemplares que
apresentam características intermediárias entre elas, e que,
por ocorrerem na mesma faixa de restinga, acredita-se que
sejam híbridos naturais entre essas duas espécies.
9. Epidendrum geniculatum Barb. Rodr., Gen. Spec. Orchid.
2: 146. 1881.
Fig. 9
Epífita, ereta. Caule ca. 28 cm compr., simples, compresso,
ca. 0,6 cm larg., espessura constante; rizoma curto, ca. 1 cm.
Folhas 11,1-16,5×1,8-2,6 cm, dísticas, cartáceas, elípticas,
planas, ápice agudo. Inflorescência 5-5,4 cm compr., em
racemo, apical, ereta, base do pedúnculo envolvida por ca.
4 brácteas imbricadas de ca. 1 cm compr.; brácteas florais
membranáceas, 0,8-1,5×0,3-0,4 cm, lanceoladas, cobrindo até
a metade do pedicelo, ápice agudo. Flores 3-4 por
inflorescência; pedicelo + ovário 1,5-2,3 cm compr., base
não vesicada; sépalas creme, a dorsal ca. 1,2×0,4 cm, ovada,
plana, ápice agudo a acuminado; sépalas laterais ca.
1,2×0,4 cm, ovadas, levemente encurvadas, côncavas, ápice
acuminado; pétalas ca. 0,9×0,2 cm, creme, oblanceoladas,
margem inteira, ápice agudo a acuminado; labelo ca.
1,1×0,55 cm, creme, delgado, plano, inteiro, deltóide-
espatulado, margem inteira, ápice mucronulado, calo creme,
ca. 0,3×0,2 cm, inteiriço, trilobulado, central; ginostêmio
0,3 cm compr. Fruto ca. 2,2×1,1 cm, ovóide.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Guaraqueçaba,
IV/1968, Hatschbach 19011 (MBM).
Material adicional: BRASIL. Santa Catarina:
Florianópolis, 18/III/1951, Rohr 2108 (HB); Palhoça,
7/VI/1956, Reitz 3260 (HB); Sertão da Lagoa, 23/VII/1950,
Rohr s.n. (HB782).
Observações: ocorre no Brasil (ES, RJ, SP, PR, SC).
Coletada com flores em abril e junho, e com frutos em março
e julho. No Paraná é pouco comum, ocorrendo como epífita
em Floresta Ombrófila Densa Submontana. Por seu caule,
com poucas folhas localizadas mais na porção apical, pode
ser confundida com E. henschenii Barb. Rodr., porém suas
flores são bem diferentes. Epidendrum geniculatum possui
flores carnosas de cor creme, com o labelo inteiro, deltóide-
espatulado, enquanto E. henschenii as possui membra-
náceas, verdes e com o labelo trilobado.
10. Epidendrum henschenii Barb. Rodr., Gen. Sp. Orchid 2:
147. 1881.
= Epidendrum brevicolle Kraenzl., Ark. Bot. 16(8): 20. 1921.
Fig. 10
Epífita, ereta. Caule 30-48 cm compr., simples, compresso,
0,4-0,5 cm larg., espessura constante; rizoma curto, ca. 1 cm.
Folhas 5,8-13×0,9-2,2 cm, dísticas, cartáceas a
submembranáceas, elípticas, planas, ápice agudo a
arredondado. Inflorescência 2-6 cm compr., em racemo,
apical, pendente, base do pedúnculo envolvida por ca. 4
brácteas imbricadas com ca. 1,5 cm compr.; brácteas florais
membranáceas, 0,2-0,5×0,15-0,2 cm, lanceoladas, cobrindo
a base do pedicelo, ápice agudo. Flores 6-8 por
inflorescência; pedicelo + ovário 1,1-1,5 cm compr., base
não vesicada; sépalas verdes, a dorsal ca. 1×0,25 cm,
oblanceolada, levemente côncava, ápice agudo, as laterais
ca. 1×0,3 cm, oblanceoladas, subfalcadas, levemente
côncavas, ápice agudo; pétalas ca. 0,9×0,1 cm, verdes,
espatuladas, margem inteira, ápice arredondado; labelo ca.
1×0,9 cm, verde, delgado, plano, trilobado, lobos laterais
orbiculares, margem inteira, lobo mediano suborbicular,
margem inteira, ápice fendido, calo verde, constituído por
duas saliências ovóides, ca. 0,1 cm, distantes entre si, basais;
ginostêmio ca. 0,6 cm compr. Fruto não observado.
Material adicional: BRASIL. Santa Catarina: Corupá,
1/IV/1974, Seidel 1098 (HB); s. localidade, VII/1953, s. col., s.n.
(HB2117). São Paulo: Angatuba, II/1966, Emmerich 2840 (R).
Observações: ocorre no Brasil (MG, SP, PR, SC).
Coletada com flores em abril e julho, em Floresta Ombrófila
Densa Submontana. Espécie próxima de E. geniculatum
Barb. Rodr., da qual se distingue pelas características
florais comentadas em E. geniculatum. Pabst & Dungs
(1975) citam E. henschenii para o Paraná, porém não foram
encontrados espécimens nos herbários visitados, e nem
nos ambientes visitados nas expedições de coleta. A
descrição apresentada neste trabalho foi baseada em
material proveniente de Santa Catarina, município de
Corupá, região muito próxima da divisa com o estado do
Paraná. Devido a essa proximidade, acredita-se que
E. henschenii realmente ocorra no estado.
11. Epidendrum latilabre Lindl., Edwards’s Bot. Reg.
27(misc.): 77. 1841.
= Epidendrum radiatum Hoffmanns., Verz. Orch. p.24. 1842
(non E. radiatum Lindl., 1841).
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Stancik et al.: O gênero Epidendrum L. (Orchidaceae) no Estado do Paraná, Brasil
872
Figuras 1-9. Peças florais das espécies de Epidendrum no Paraná. 1. Epidendrum ansiferum Rchb. f. (Lindeman 2366). 2. Epidendrum armeniacum Lindl.
(Hatschbach 13199). 3. Epidendrum caldense Barb. Rodr. (Hatschbach 3252). 4. Epidendrum cristatum Ruiz & Pav. (Hatschbach 8703). 5. Epidendrum
dendrobioides Thunb. (Hatschbach 50831). 6. Epidendrum densiflorum Hook. (Goldenberg 580). 7. Epidendrum denticulatum Barb. Rodr. (Valka-Alves 23).
8. Epidendrum fulgens Brongn. (Frenzel s.n. MBM4798). 9. Epidendrum geniculatum Barb. Rodr. (Reitz 3260).
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Acta bot. bras. 23(3): 864-880. 2009. 873
= Epidendrum arachnoideum Barb. Rodr., Gen. Sp. Orchid
1: 60. 1877.
= Epidendrum uniflorum Barb. Rodr., Gen. Sp. Orchid. 1: 61.
1877.
= Epidendrum althausenii A.D. Hawkes, Orquídea (Rio de
Janeiro) 18: 168. 1957.
Fig. 11
Epífita, ereta. Caule 2,8-19 cm compr., simples, compresso,
0,4-0,8 cm larg., estreito na base, espessando para o ápice;
rizoma curto, ca. 0,8 cm. Folhas 1,6-11,8×0,6-3,7 cm, dísticas,
coriáceas, estreitamente elípticas a elípticas, planas, ápice
arredondado a retuso. Inflorescência ca. 1 cm compr., em
racemo, apical, ereta, base do pedúnculo envolvida por
brácteas de ca. 1 cm compr.; brácteas florais membranáceas,
ca. 0,5 cm compr., linear-triangulares a triangulares, cobrindo
a base do pedicelo, ápice acuminado. Flores 1-5 por
inflorescência; pedicelo + ovário 1,5-5,5 cm compr., base
não vesicada; sépalas verdes, a dorsal 0,9-3,2×0,2-0,5 cm,
elíptica, plana, ápice agudo, as laterais 1,2-3,1×0,2-0,7 cm,
elípticas, subfalcadas, planas, ápice agudo; pétalas 1,5-3×
0,1-0,5 cm, verdes, linear-oblanceoladas a oblanceoladas,
margem inteira, ápice agudo; labelo 1,6-3,2×2-4 cm, verde,
delgado, trilobado, âmbito subreniforme, lobos laterais
obliquamente elípticos, margem inteira, lobo mediano
suborbicular, refletido, margem inteira, ápice fendido; calo
ausente; ginostêmio 0,9-2,3 cm compr. Fruto não observado.
Material selecionado: BRASIL. Paraná: Antonina,
28/IV/1976, Hatschbach 38579 (MBM); Guaraqueçaba,
10/IV/1968, Hatschbach 19002 (MBM); Guaratuba, V/1958,
Leinig 31 (HB); Morretes, 6/IV/1904, Dusén 4376 (R);
Paranaguá, VII/1949, Hertel s.n. (MBM 255663); Pontal do
Paraná, 8/V/2003, Stancik 14 (UPCB); Rio Branco do Sul,
8/V/1968, Hatschbach 19214 (MBM).
Observações: ocorre no Brasil (PA, AM, PE, MG, ES, RJ,
SP, PR, SC, RS). Coletada com flores em fevereiro e entre
abril e julho. No Paraná é bastante freqüente em Floresta
Ombrófila Densa de Terras Baixas e Submontana, mas
também ocorre em Floresta Ombrófila Mista. Suas
características vegetativas são facilmente confundidas com
as de E. pseudodifforme Hoehne & Schltr., porém suas folhas
são maiores e mais robustas (1,6-11,8×0,6-3,7 cm), assim
como seus caules, que são estreitos na base e mais largos
no ápice, ao contrário de E. pseudodifforme cujo caule tem
a mesma espessura desde a base até o ápice. Além disso,
E. latilabre floresce predominantemente em abril e maio, e
E. pseudodifforme, em janeiro.
12. Epidendrum nocturnum Jacq., Enum. Syst. Pl. p. 29.
1760.
= Epidendrum longicolle Lindl., Edwards’s Bot. Reg. 24
(misc.): 34. 1838.
Fig. 12
Epífita, ereta. Caule 8-44,5 cm compr., simples, compresso,
0,4-0,5 cm larg., espessura constante; rizoma curto, ca. 0,7 cm.
Folhas 5,3-12,3×0,9-3,2 cm, dísticas, cartáceas, elípticas a
lanceoladas, planas, ápice arredondado. Inflorescência ca.
1 cm compr., em racemo, apical, ereta, base do pedúnculo
envolvida por brácteas de ca. 1 cm compr.; brácteas florais
membranáceas, ca. 0,5 cm compr., linear-triangulares a
triangulares, cobrindo a base do pedicelo, ápice acuminado.
Flores 1-6 por inflorescência; pedicelo 4-8 cm compr., base
não vesicada; sépalas creme-esverdeadas, a dorsal 2,5-3,8×
0,2-0,3 cm, elíptica, plana, ápice agudo, as laterais 2,1-3,7×
0,35-0,4 cm, lanceoladas, subfalcadas, ligeiramente
côncavas, ápice agudo; pétalas 2,3-3,6×0,1-0,2 cm, creme-
esverdeadas, lineares a estreitamente elípticas, margem
inteira, ápice agudo; labelo 2,1-3,5×1,3-1,7 cm, alvo, delgado,
plano, trilobado, lobos laterais suborbiculares, margem
inteira, lobo mediano linear-triangular, ápice agudo, calo
amarelo, constituído por duas lamelas longitudinais,
próximas entre si, ca. 0,15 cm, basais; ginostêmio 1,1-1,3 cm
compr. Fruto ca. 0,5×2,5 cm, fusiforme.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Matinhos,
22/V/2003, Stancik 26 (UPCB); Morretes, 4/III/2003, Stancik
6 (UPCB); Paranaguá, s.d., Hatschbach 2630 (MBM); Pontal
do Paraná, 8/V/2003, Stancik 17 (UPCB).
Observações: ocorre desde a Flórida até a América do
Sul, no Brasil (AP, PA, AM, AC, PE, MT, GO, MG, ES, SP, PR,
SC, RS). Coletada com flores em janeiro e com frutos entre
março e maio. No Paraná ocorre como epífita em locais
sombreados da Restinga, em Floresta Ombrófila Densa
Submontana e de Terras Baixas. Geralmente de pequeno
porte, cresce em pequenas touceiras com 1-5 caules, embora
alguns exemplares possam apresentar vários caules de até
44,5 cm de comprimento. Uma particularidade dessa espécie,
observada em campo e em cultivo, é que as flores são, quase
sempre, cleistogâmicas. Todas as coletas realizadas
apresentaram frutos com o botão floral ainda fechado.
13. Epidendrum paranaense Barb. Rodr., Gen. Sp. Orchid.
2: 139. 1881.
= Epidendrum imbricatum Lindl., Gen. Sp. Orchid. Pl. p.110.
1831 (non Lam. 1793)
= Epidendrum biflorum Cogn., Bull. Herb. Boissier 2(2): 337,
figs. 1-3. 1902.
= Epidendrum boissierianum Schltr., Beih. Bot. Centralbl.
36(2): 459. 1918.
Fig. 13
Epífita, pendente. Caule 14-80 cm compr., ramificado,
cilíndrico, 0,5-1 cm diâm., espessura constante; rizoma longo,
ca. 4 cm, rígido. Folhas 4,5-15,5×1,1-3 cm, dísticas, coriáceas,
lanceoladas a estreitamente elípticas, planas, ápice
arredondado a agudo. Inflorescência 3,5-7 cm compr., em
racemo, apical, ereta, base do pedúnculo envolvida por ca. 2
brácteas imbricadas de 1-2,5 cm compr.; brácteas florais
coriáceas, 2-2,5 cm compr., lanceoladas, cobrindo o pedicelo
e parte da flor, escondendo o eixo da inflorescência, ápice
agudo. Flores 5-7 por inflorescência; pedicelo + ovário
1,6-2,1 cm compr., base não vesicada; sépalas alvacentas, a
dorsal 1,1-1,4×0,3-0,4 cm, ovada, côncava, ápice agudo, as
laterais 1,1-1,4×0,3-0,5 cm, lanceolado-ovadas, levemente
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Stancik et al.: O gênero Epidendrum L. (Orchidaceae) no Estado do Paraná, Brasil
874
encurvadas, planas, ápice agudo; pétalas 1-1,3×0,1-0,3 cm,
alvacentas, lanceoladas, margem inteira, ápice agudo; labelo
1-1,4×0,4-0,7 cm, alvacento, carnoso, plano, inteiro, cordifor-
me, margem inteira, ápice agudo, calo alvacento, constituído
por duas saliências ovóides, próximas entre si, ca. 0,1 cm,
basais; ginostêmio 0,4-0,6 cm compr. Fruto 2-2,2×ca. 1,1 cm,
globóide.
Material selecionado: BRASIL. Paraná: Antonina, 20/I/1966,
Hatschbach 13582 (HB, MBM); Morretes, 4/I/1966, Hatschbach
13444 (MBM); Paranaguá, 24/VI/2003, Stancik 28 (UPCB).
Observações: ocorre no Brasil (MG, ES, RJ, SP, PR, SC).
Coletada com flores em janeiro, fevereiro e setembro, e com
frutos em janeiro e junho. No Paraná é representada por
epífitas de grande porte, geralmente nas regiões mais altas
das árvores, acima de 3 m de altura, em locais sombreados
de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas e Montana.
Em comparação com as outras espécies do estado com caule
pendente, como E. ramosum Jacq., E. saximontanum Pabst,
E. strobiliferum Rchb. f. e E. vesicatum Lindl.,
E. paranaense é a espécie que apresenta maior porte, com
caules que chegam a 80 cm de comprimento e flores com
sépalas e pétalas maiores que 1 cm. E. vesicatum possui
grandes folhas glaucas, conchiformes e imbricadas, que
cobrem o caule. E. ramosum apresenta caule estreito,
densamente ramificado, com folhas estreitas, de no máximo
9,4 cm de comprimento. Já E. strobiliferum e
E. saximontanum apresentam porte muito reduzido, a
primeira com caules curtos entre 2 e 12 cm de comprimento,
com folhas que não chegam a 3 cm de comprimento,
enquanto a segunda é a que apresenta o menor tamanho:
caules de até 10 cm de comprimento e folhas, conduplicadas
e recurvas, de no máximo 1,2 cm de comprimento.
14. Epidendrum proligerum Barb. Rodr., Gen. Sp. Orchid.
1: 61. 1877.
Fig. 14
Epífita, ereta. Caule 1,3-16,5 cm compr., ramificado,
cilíndrico, 0,2-0,4 cm diâm., espessura constante; rizoma
curto, ca. 1 cm. Folhas 2,1-10,8×0,5-2 cm, dísticas,
membranáceas, elípticas, planas, ápice agudo a acuminado.
Inflorescência 2,5-3,5 cm compr., em racemo, apical, ereta,
base do pedúnculo não envolvida por brácteas; brácteas
florais membranáceas, ca. 0,3 cm compr., triangulares,
cobrindo até a metade do pedicelo, ápice acuminado. Flores
4-12 por inflorescência; pedicelo + ovário ca. 0,5 cm compr.,
base não vesicada; sépalas verdes, a dorsal 1,1-1,2×
0,2-0,3 cm, oblanceolada, ligeiramente côncava, ápice agudo
a acuminado, as laterais 1,1-1,3×ca. 0,3 cm, elípticas,
subfalcadas, ligeiramente côncavas, ápice acuminado;
pétalas 1-1,2×ca. 0,15 cm, verdes, linear-oblanceoladas,
margem inteira, ápice agudo; labelo 1-1,2×1-1,3 cm, verde,
delgado, plano, trilobado, lobos laterais orbiculares, margem
inteira, lobo mediano suborbicular, margem inteira, ápice
fendido, calo verde, constituído por duas saliências ovóides,
distantes entre si, ca. 0,1 cm, basais; ginostêmio 0,7-0,8 cm
compr. Fruto não observado.
Material selecionado: BRASIL. Paraná: Bocaiúva do Sul,
14/I/1969, Hatschbach 20710 (MBM); Guaratuba, 10/II/1960,
Leinig 184 (HB); Guaratuba, 22/VI/1952, Hatschbach 2667
(HB, MBM); Ipiranga, 8/II/1904, Dusén 3786 (R); Morretes,
3/III/1974, Leinig 555 (HB); Piraquara, 23/II/1952,
Hatschbach 3144 (HB, MBM).
Material adicional: BRASIL. Rio de Janeiro: Rio de
Janeiro, 30/V/1954, Pabst 2454 (HB); Santa Maria Madalena,
20/XII/1988, Martinelli 13219 et al. (RB); Teresópolis,
26/IX/1969, Brade 9439 (R). Santa Catarina: Itajaí,
21/VI/1956, Reitz 3316 et al. (HB); Palhoça, 18/V/1971, Klein
9417 et al. (HB). São Paulo: Paranapiacaba, 30/V/1972,
Handro 2207 (HB).
Observações: ocorre no Brasil (MG, RJ, SP, PR, SC).
Coletada com flores entre dezembro e junho, e setembro.
No Paraná ocorre como epífita em Floresta Ombrófila Densa
de Terras Baixas, Submontana e Montana, e em Floresta
Ombrófila Mista. Outras espécies afins são citadas por Pabst
& Dungs (1975), para o estado do Paraná: E. ecostatum
Pabst, E. obergii Hawkes e E. ochrochlorum Barb. Rodr.
Todas são muito semelhantes a E. proligerum e entre si,
sendo a principal diferença entre elas o formato do labelo, o
que pode ser visto nas ilustrações de Pabst & Dungs (1975)
para essas espécies. Analisando as exsicatas atribuídas a
essas espécies nos herbários, observou-se que todos os
materiais identificados como E. ochrochlorum (Leinig 184
e 555; Hatschbach 3144 e 2667; Hatschbach 20710),
E. obergii (Klein 9417), E. ecostatum (Handro 2207; Klein
10165; Dusén 3786) e E. proligerum (Reitz 3316; Pabst
2454) correspondiam à mesma espécie. Em análise das
descrições dessas espécies, decidiu-se tratá-las, neste
trabalho, com o nome E. proligerum, pois E. ochrochlorum
apresenta flores com o dobro do tamanho dos espécimes
analisados, e E. obergii, assim como E. ecostatum, possuem
labelo inteiro. Este é outro grupo dentro do gênero
Epidendrum que está necessitando de revisão, a qual
poderia resultar em várias sinonimizações.
15. Epidendrum pseudodifforme Hoehne & Schltr., Arq.
Bot. Estado Sao Paulo 1: 242. 1926.
Fig. 15
Epífita, ereta ou flexuosa. Caule ca. 11,4 cm compr., simples,
compresso, 0,3-0,7 cm larg., espessura constante; rizoma
inconspícuo. Folhas 3-5×1,3-2,1 cm, dísticas, coriáceas,
oblongas, planas, ápice retuso. Inflorescência ca. 1 cm
compr., em racemo, apical, ereta, base do pedúnculo
envolvida por brácteas de ca. 1 cm compr.; brácteas florais
membranáceas, ca. 0,5 cm compr., linear-triangulares a
triangulares, cobrindo a base do pedicelo, ápice acuminado.
Flores ca. 10 por inflorescência; pedicelo + ovário 2,4-2,9 cm
compr., base não vesicada; sépalas verdes, a dorsal
ca. 1,2×0,4 cm, elíptica, plana, ápice agudo, as laterais ca.
1,2×0,5 cm, rômbicas, planas, ápice agudo a acuminado;
pétalas ca. 1×0,2 cm, verdes, linear-obovadas, margem
inteira, ápice agudo a arredondado; labelo ca. 1,1×1,2 cm,
verde, delgado, plano, trilobado, lobos laterais orbiculares,
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Acta bot. bras. 23(3): 864-880. 2009. 875
margem inteira, lobo mediano suborbicular, sub-patente,
margem inteira, ápice fendido, calo verde, constituído de
duas saliências ovóides, distantes entre si, ca. 0,1 cm, basais;
ginostêmio ca. 0,8 cm compr. Fruto ca. 2×1 cm, globóide.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Morretes,
27/I/1987, Silva 295 (MBM); Morretes, 4/III/2003, Stancik
7 (UPCB); Morretes, 12/VI/2003, Stancik 27 (UPCB);
Paranaguá, 15/I/1970, Hatschbach 23336 (MBM);
Paranaguá, 15/V/2003, Stancik 19 (UPCB).
Observações: ocorre nas Américas Central e do Sul,
incluindo o Brasil (AM, AP, PA, MA, PE, MG, RJ, SP, PR, SC,
RS). Coletada com flores em janeiro e com frutos em março,
maio e junho. No Paraná ocorre como epífita em formações
pioneiras e Floresta Ombrófila Densa Submontana. Algumas
de suas características vegetativas, como caule ereto ou
flexuoso, compresso e coberto por bainhas das folhas, são
compartilhadas com E. latilabre Lindl., espécie próxima. Para
maiores detalhes sobre a diferenciação entre as duas, ver
comentários sob E. latilabre. Epidendrum pseudodifforme
é tratada por Pabst & Dungs (1975) como E. difforme Jacq.
De acordo com Saldaña & Hágsater (1996), que realizaram
um estudo sobre esse grupo de espécies, a distribuição de
E. difforme é restrita às ilhas do mar do Caribe, em florestas
úmidas de 300 a 1.000 m s.n.m. No entanto, esse nome vem
sendo utilizado de forma generalizada para designar várias
espécies semelhantes de diversas regiões do Neotrópico.
16. Epidendrum puniceoluteum F. Pinheiro & F. Barros,
Hoehnea 33(2): 248. 2006.
Fig. 16
Terrestre ou rupícola, ereta. Caule 69-100 cm compr.,
simples, cilíndrico, ca. 1 cm diâm.; rizoma não observado.
Folhas 4,9-8,6×1,8-3,2 cm, dísticas, coriáceas, ovadas,
planas, ápice arredondado. Inflorescência 30-50 cm compr.,
em corimbo, apical, ereta, base do pedúnculo envolvida por
brácteas de ca. 6,5 cm compr.; brácteas florais membranáceas,
ca. 1×0,2 cm, linear-triangulares, cobrindo a base do
pedicelo, ápice acuminado. Flores ca. 40 por inflorescência,;
pedicelo + ovário ca. 3 cm compr., base não vesicada; sépalas
vermelho-purpúreas, a dorsal ca. 1,4×0,5 cm, obovada, plana,
ápice agudo, as laterais ca. 1,2×0,6 cm, obovadas,
subfalcadas, ligeiramente côncavas, ápice agudo; pétalas
ca. 1,3×0,5 cm, vermelho-purpúreas, estreitamente rômbicas,
margem inteira, ápice agudo; labelo ca. 1,2×1,1 cm, vermelho-
purpúreo, delgado, plano, trilobado, lobos laterais
obtriangulares, margem denticulada, istmo bastante
evidente, lobo mediano obtriangular, bilobulado, margem
denticulada, ápice denticulado, calo amarelo, constituído
de duas saliências ovóides, ca. 0,1 cm, basais e uma lamela,
longitudinal, ca. 0,2 cm, central; ginostêmio ca. 0,9 cm compr.
Fruto ca. 4×1,1 cm, fusiforme.
Material selecionado: BRASIL. Paraná: Guaratuba,
15/I/1970, Leinig 435 (HB); Matinhos, 31/I/1974, Kummrow
262 (HB, MBM); Paranaguá, 20/I/1996, Ribas 1051 (MBM);
Pontal do Paraná, 23/IV/1967, Hatschbach 16386 (HB,
MBM); Pontal do Paraná, 26/I/2004, Stancik 53 (UPCB).
Observações: ocorre no Brasil (RJ, SP, PR, SC, RS).
Coletada com flores entre novembro e fevereiro e em abril, e
com frutos em janeiro, fevereiro e abril. No Paraná ocorre
como terrestre em locais ensolarados, em formações pioneiras
(Restinga). Um pouco menos freqüente que E. fulgens
Brongn., E. puniceoluteum apresenta características
vegetativas muito semelhantes a ela. Ambas podem ser
facilmente confundidas e a diferenciação entre elas pode
ser vista nos comentários sob E. fulgens. Esta espécie tem
sido costumeiramente identificada como E. purpureum Barb.
Rodr. (p. ex., em Pabst & Dungs 1975), mas o verdadeiro
E. purpureum é um híbrido natural entre E. myrmecophorum
Barb. Rodr. (= E. huebneri Schltr.) e E. denticulatum
Barb.Rodr. e ocorre em restinga no estado do Rio de Janeiro,
tendo, recentemente sido descrita com o nome Epidendrum
xormindoi F.E. Miranda.
17. Epidendrum ramosum Jacq., Enum. Syst. Pl. p. 29. 1760.
= Epidendrum rigidum Lodd., Bot. Cab. 16(10): tab. 1600.
1830. (non Jacq., 1760)
= Epidendrum sellowii Reichb. f., Linnaea 22: 839. 1849.
= Epidendrum flexicaule Schltr., Beih. Bot. Centralbl. 36(2):
403. 1918.
= Epidendrum modestiflorum Schltr., Repert. Spec. Nov.
Regni Veg. Beih. 19: 213. 1923.
= Epidendrum pedale Schltr., Repert. Spec. Nov. Regni Veg.
23: 50. 1926.
Fig. 17
Epífita, pendente. Caule 2-63 cm compr., densamente
ramificado, cilíndrico, 0,2-0,5 cm diâm., espessura constante;
rizoma longo, ca. 4 cm. Folhas 1,2-9,4×0,3-1,1 cm, dísticas,
coriáceas, estreitamente oblongas, planas, ápice arredondado
a retuso. Inflorescência 2-5,5 cm compr., em racemo, apical,
pendente, base do pedúnculo envolvida por bráctea de
0,9-1,2 cm compr.; brácteas florais membranáceas, 0,5-1 cm
compr., linear-lanceoladas, cobrindo o pedicelo e parte da
flor, não escondendo o eixo da inflorescência, ápice agudo.
Flores 2-7 por inflorescência; pedicelo + ovário 0,4-1 cm
compr., base não vesicada; sépalas creme-esverdeadas a
verdes, a dorsal 0,5-0,8×0,1-0,2 cm, ovada, plana, ápice
agudo, as laterais 0,6-0,8×0,12-0,25 cm, ovadas, subfalcadas,
planas, ápice agudo; pétalas 0,6-0,8×0,05-0,1 cm, creme-
esverdeadas a verdes, lineares, margem inteira, ápice agudo;
labelo 0,6-0,9×0,2-0,4 cm, creme-esverdeado, membranáceo,
plano, inteiro, cordiforme, margem inteira, ápice agudo, calo
creme-esverdeado, constituído por duas saliências ovóides,
próximas entre si, ca. 0,08 cm, basais e uma lamela longitudinal,
ca. 0,08 cm, central; ginostêmio 0,4-1 cm compr. Fruto
0,9×0,6 cm, globóide.
Material selecionado: BRASIL. Paraná: Antonina,
15/VIII/2003, Stancik 44 (UPCB); Curitiba, I/1943, Guimarães
s.n. (RB48257); Guaraqueçaba, 3/II/2000, Gatti 617 (SP,
UPCB); Guaratuba, 27/VII/1966, Hatschbach 14516 (HB,
MBM); Morretes, 4/III/2003, Stancik 9 (UPCB); Paranaguá,
29/V/1965, Hatschbach 14388 (MBM); Pontal do Paraná,
1/II/1966, Hatschbach 13656 (MBM).
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Stancik et al.: O gênero Epidendrum L. (Orchidaceae) no Estado do Paraná, Brasil
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Observações: ocorre na Guiana Francesa e Brasil (AM,
PE, MG, RJ, SP, PR, SC, RS). Coletada com flores entre
setembro e maio e em julho, e com frutos em maio. No Paraná
é epífita comum no estrato inferior da floresta, em locais
sombreados de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas,
Submontana e Montana, e Floresta Ombrófila Mista. Pabst
& Dungs (1975) também indicam a ocorrência de E. pedale
Schltr. para o estado, porém nenhuma exsicata
correspondente foi encontrada. Na descrição original de
E. pedale, o autor comenta de que essa espécie seria
semelhante a E. ramosum, diferindo pelas hastes secundárias
do caule fortes e mais grossas, folhas mais obtusas e mais
longas e segmentos florais maiores. Foi considerado, neste
trabalho, que E. pedale deve ser apenas uma variação
morfológica de E. ramosum, e todos os materiais analisados
foram tratados como E. ramosum.
18. Epidendrum rigidum Jacq., Enum. Syst. Pl. p. 29. 1760.
Fig. 18
Epífita, ereta. Caule 3,5-16 cm compr., simples, compresso,
0,3-0,6 cm larg., espessura constante; rizoma curto a longo
1-3 cm. Folhas 1,5-6,8×0,5-2,2 cm, dísticas, coriáceas,
elípticas, planas, ápice arredondado. Inflorescência 3,5-11 cm
compr., em racemo, apical, ereta, base envolvida por brácteas
de 3-6 cm compr.; brácteas florais coriáceas, 1,2-2 cm compr.,
ovaladas a lanceoladas, cobrindo o pedicelo e parte da flor,
ápice acuminado. Flores 3-9 por inflorescência; pedicelo +
ovário 0,7-1,8 cm compr., base não vesicada; sépalas verdes,
a dorsal 0,6-0,8×0,2-0,3 cm, ovada, côncava, ápice agudo,
as laterais 0,6-0,8×0,3-0,4 cm, ovadas, subfalcadas,
levemente côncavas, ápice agudo; pétalas 0,5-0,8×ca. 1 cm,
verdes, linear-lanceoladas, margem inteira, ápice agudo;
labelo 0,6-0,8×0,3-0,4 cm, verde, carnoso, plano, inteiro,
cordiforme, margem inteira, ápice agudo, calo verde, consti-
tuído por duas saliências ovóides, próximas entre si, ca.
0,1 cm, basais e uma lamela longitudinal, ca. 0,15 cm, central;
ginostêmio 0,3-0,4 cm compr. Fruto ca. 1,7×0,8-0,9 cm, ovóide.
Material selecionado: BRASIL. Paraná: Antonina,
15/VIII/2003, Stancik 42 (UPCB); Guaraqueçaba, 19/III/1977,
Hatschbach 39798 (MBM); Guaratuba, 18/VI/1963,
Hatschbach 10122 (MBM); Jataizinho, 16/II/2001, Ferrarezi
28 (FUEL); Laranjeiras do Sul, 18/IV/1970, Hatschbach
24173 (HB, MBM); Matinhos, 20/IV/1981, Kummrow 1521
(MBM); Morretes, 4/III/2003, Stancik 5 (UPCB); Paranaguá,
18/II/1976, Hatschbach 38097 (MBM); Pontal do Paraná,
8/V/2003, Stancik 16 (UPCB); Ribeirão do Pinhal, 10/II/2000,
Carneiro 881 (MBM).
Observações: ocorre na América Central, Venezuela,
Guiana Francesa, Bolívia e Brasil (RR, PA, AM, CE, PE, BA,
MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS). Coletada com flores entre janeiro
e julho e em novembro, e com frutos em fevereiro, entre abril
e julho e em novembro. No Paraná é bastante comum como
epífita em locais sombreados de Restinga e matas pluviais,
em Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, Submontana
e Montana, Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional
Semidecidual. Freqüentemente E. rigidum é confundido com
E. ramosum Jacq., no entanto E. rigidum apresenta caule
simples e ereto e flores carnosas, enquanto E. ramosum
apresenta caule densamente ramificado e pendente e flores
membranáceas.
19. Epidendrum saximontanum Pabst, Anais 15º Congr.
Soc. Bot. Brasil p.112. 1967.
Fig. 19-20
Epífita, pendente. Caule 5-10 cm compr., ramificado,
compresso, ca. 0,2 cm larg., espessura constante; rizoma
incospícuo. Folhas 0,6-1,2×0,2-0,45 cm, dísticas, coriáceas,
elípticas, recurvadas, conduplicadas, ápice agudo a
arredondado. Inflorescência 0,7-1 cm compr., em racemo,
apical, ereta, base do pedúnculo envolvida por 2 brácteas
de ca. 0,3 cm compr.; brácteas florais membranáceas, ca.
0,4 cm compr., ovadas, cobrindo o pedicelo e parte da flor,
escondendo o eixo da inflorescência, ápice agudo a
arredondado. Flores 3-4 por inflorescência; pedicelo +
ovário ca. 0,2 cm compr., com base vesicada; sépalas verdes,
a dorsal ca. 0,25×0,15 cm, ovada, plana, ápice agudo, as
laterais ca. 0,3×0,15 cm, ovadas, subfalcadas, planas, ápice
agudo; pétalas 0,2×0,01 cm, verdes, lineares, margem inteira,
ápice agudo a arredondado; labelo ca. 0,3×0,15 cm, verde,
membranáceo, plano, inteiro, lanceolado, margem inteira,
ápice agudo; calo verde, constituído por duas saliências
ovóides, ca. 0,01 cm, próximas entre si, basais; ginostêmio
ca. 0,1 cm compr. Fruto ca. 0,5×0,4 cm, globóide.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Pontal do Paraná,
VII/2003, Stancik 32 (UPCB); Pontal do Paraná, 26/I/2004,
Stancik 54 (UPCB), Pontal do Paraná, 2/X/2005, Stancik 57
(MBM).
Observações: ocorre no Brasil (SP e PR). Coletada com
frutos em janeiro e flores em outubro. No Paraná ocorre
como epífita em local sombreado em Floresta Ombrófila
Densa de Terras Baixas. Epidendrum saximontanum foi
descrito para o estado de São Paulo e está sendo registrada
pela primeira vez no Paraná. É uma espécie muito próxima de
E. strobiliferum Rchb. f., E. ramosum Jacq. e E. paranaense
Barb. Rodr. (“Aliança E. ramosum”). Apresenta
características semelhantes a essas espécies, como grandes
brácteas florais que cobrem o pedicelo e parte da flor, porém
é uma planta de porte reduzido. Dentre as espécies de
Epidendrum ocorrentes no estado do Paraná, é a que
apresenta as menores flores, com aproximadamente 0,4 cm
de diâmetro. Para maiores informações sobre a diferenciação
entre essas espécies, ver comentários sob E. paranaense.
20. Epidendrum secundum Jacq., Enum. Syst. Pl. p. 29. 1760.
= Epidendrum elongatum Jacq., Collectanea 3: 260. 1789.
= Epidendrum corymbosum Ruiz & Pav., Syst. Veg. Fl. Peruv.
Chil.: 246. 1798.
= Epidendrum longihastatum Barb.Rodr., Gen. Spec. Orchid.
1: 59. 1877.
= Epidendrum versicolor Hoehne & Schltr., Arq. Bot. Estado
Sao Paulo 1: 245. 1926.
Fig. 21
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Acta bot. bras. 23(3): 864-880. 2009. 877
Figuras 10-18. Peças florais das espécies de Epidendrum no Paraná. 10. Epidendrum henschenii Barb. Rodr. (S. col. s.n. HB2117). 11. Epidendrum latilabre
Lindl. (Stancik 14). 12. Epidendrum nocturnum Jacq. (Stancik 6). 13. Epidendrum paranaense Barb. Rodr. (Hatschbach 13582). 14. Epidendrum proligerum
Barb. Rodr. (Hatschbach 2667). 15. Epidendrum pseudodifforme Hoehne & Schltr. (Hatschbach 23336). 16. Epidendrum puniceoluteum F. Pinheiro & F. Barros
(Leinig 435). 17. Epidendrum ramosum Jacq. (Hatschbach 14388). 18. Epidendrum rigidum Jacq. (Hatschbach 39798).
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Stancik et al.: O gênero Epidendrum L. (Orchidaceae) no Estado do Paraná, Brasil
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Terrestre, rupícola ou epífita, ereta. Caule 11-46 cm compr.,
simples, cilíndrico, 0,5-1 cm diâm., espessura constante;
rizoma curto, ca. 0,7 cm. Folhas 2,5-11,5×0,6-2,7 cm, dísticas,
coriáceas, ovadas a lanceoladas, planas, ápice arredondado
a agudo. Inflorescência 16-57 cm compr., em corimbo ou
racemo, apical, ereta, base do pedúnculo envolvida por
bainhas de 3-5 cm compr.; brácteas florais membranáceas,
0,1-0,5 cm compr., linear-triangulares a triangulares, cobrindo
a base do pedicelo, ápice acuminado. Flores 12-80 por
inflorescência; pedicelo + ovário 1,6-2,7 cm compr., base
não vesicada; sépalas lilases a róseas, a dorsal 0,6-1×
0,2-0,3 cm, lanceolada a obovada, plana, ápice agudo, as
laterais 0,7-1,1×0,3-0,4 cm, oblanceoladas, subfalcadas,
planas, ápice agudo; pétalas 0,6-1,1×0,15-0,3 cm, lilases a
róseas, elípticas a obovadas, margem inteira, ápice agudo;
labelo 0,8-1,2×0,4-0,9 cm, lilás a róseo, delgado, plano,
trilobado, lobos laterais suborbiculares a deltóides, margem
erosa, lobo mediano retangular a deltóide, margem
denticulada, ápice levemente mucronulado, calo alvo e/ou
amarelo, inteiriço, ca. 0,1 cm compr., alongado, variadamente
recortado, central; ginostêmio 0,35-0,5 cm compr. Fruto ca.
1,6×0,8 cm, fusiforme.
Material selecionado: BRASIL. Paraná: Adrianópolis,
11/I/2000, Isernhagen 310 (MBM); Antonina, 15/VIII/2003,
Stancik 36 (UPCB); Balsa Nova, 20/VIII/1971, Hatschbach
26928 (MBM); Campina Grande do Sul, 26/VI/2003, Stancik
29 (UPCB); Campo Largo, 4/XII/1960, Leinig 225 (HB);
Castro, 3/X/1964, Hatschbach 11673 (HB, MBM);
Guaraqueçaba, 13/IX/1967, Hatschbach 17180 (MBM);
Guaratuba, 12/XI/2003, Stancik 45 (UPCB); Jaguariaíva,
10/VII/2003, Stancik 33 (UPCB); Maringá, 3/VII/2002, Dora
s.n. (HUM9198); Morretes, 6/II/1999, Pasdiora 1 (UPCB);
Palmeira, 12/I/1966, Hatschbach 13502 (MBM); Piraí do Sul,
16/IV/1987, Kuniyoshi 5158 (MBM); Ponta Grossa,
17/XII/1903, Dusén s.n. (R3471); Quatro Barras, 28/VI/2003,
Stancik 31 (UPCB); São José dos Pinhais, 23/VII/1998,
Carneiro 503 (MBM); Sengés, 16/VI/1971, Hatschbach
26759 (MBM); Tibagi, 14/IV/2003, Stancik 12 (UPCB).
Observações: ocorre no México, Américas Central e do
Sul, e em quase todo o Brasil. Coletada com flores em todos
os meses do ano. No Paraná ocorre como epífita, terrestre
ou rupícola em regiões de Floresta Ombrófila Densa de Terras
Baixas, Submontana, Montana e Altomontana, Floresta
Ombrófila Mista, Estepe e Floresta Estacional Semidecidual.
Pertence a um grupo bastante complexo, a “Aliança
E. denticulatum”, do qual fazem parte E. ansiferum Rchb. f.
e E. denticulatum Barb. Rodr., entre outras. Para maiores
detalhes sobre a diferenciação destas espécies, ver
comentários sob E. ansiferum e E. denticulatum. Além
destas, também são citadas para o Paraná, por Pabst &
Dungs (1975), outras espécies do grupo: E. crassifolium
Lindl. e E. ellipticum Grah., por exemplo. Todas
compartilham, entre si, características intermediárias de
caule, folhas e flores, dificultando a delimitação entre elas,
devido à grande variação morfológica. Os exemplares
analisados, referentes a estas espécies, apresentaram
características em comum e de acordo com Pinheiro
(F. Pinheiro, dados não publicados), devem ser
consideradas como uma única espécie polimorfa,
aplicando-se, neste caso, o nome Epidendrum secundum.
Pabst & Dungs (1975) posicionam E. secundum na “Aliança
E. polyanthum”, seguindo Garay & Sweet (1974), que tratam
pelo nome E. secundum, uma espécie diferente que seria
identificada, mais corretamente, como E. anceps Jacq. Uma
discussão mais detalhada sobre a utilização dos binômios
E. secundum Jacq. e E. anceps Jacq. é apresentada por
Hágsater (1993).
21. Epidendrum strobiliferum Rchb. f., Ned. Kruidk. Arch.
4: 333. 1859.
Fig. 22
Epífita, pendente. Caule 2-12 cm compr., ramificado,
compresso, 0,3-0,4 cm larg., espessura constante; rizoma
curto, ca. 0,5 cm. Folhas 0,7-2,8×0,3-0,8 cm, dísticas,
coriáceas, ovadas, planas a ligeiramente conduplicadas,
ápice agudo a arredondado. Inflorescência 1,6-2 cm compr.,
em racemo, apical, pendente, base do pedúnculo envolvida
por 2 brácteas de ca. 0,5 cm compr.; brácteas florais cartáceas,
0,9-1,8 cm compr., ovadas, cobrindo o pedicelo e parte da
flor, escondendo o eixo da inflorescência, ápice agudo a
arredondado. Flores 3-6 por inflorescência; pedicelo +
ovário ca. 0,6 cm compr., com base vesicada; sépalas
alvacentas, a dorsal 0,4-0,5×ca. 0,15 cm, elíptica, plana, ápice
agudo, as laterais ca. 0,4×0,15-0,2 cm, ovadas, subfalcadas,
planas, ápice agudo; pétalas ca. 0,4×0,1 cm, alvacentas,
oblanceoladas, margem inteira, ápice agudo; labelo
0,4-0,5×ca. 0,2 cm, alvacento, membranáceo, plano, inteiro,
cordiforme, margem inteira, ápice agudo, calo ausente;
ginostêmio ca. 0,2 cm compr., com 2 alas laterais. Fruto ca.
0,9×0,5 cm, globóide.
Material selecionado: BRASIL. Paraná: Antonina,
15/VIII/2003, Stancik 43 (UPCB); Guaraqueçaba, 3/II/1971,
Hatschbach 26244 (MBM); Guaratuba, 6/I/1960, Leinig 170
(HB); Matinhos, 27/I/1951, Hatschbach 2123 (MBM);
Morretes, 4/I/1978, Hatschbach 41835 (MBM); Morretes,
4/III/2003, Stancik 8 (UPCB); Paranaguá, 15/V/2003, Stancik
18 (UPCB); Pontal do Paraná, 26/I/2004, Stancik 52 (UPCB).
Observações: ocorre na Guiana Francesa e Brasil (RR,
PA, AM, MT, GO, MG, RJ, SP, PR, SC). Coletada com flores
em janeiro e fevereiro. No Paraná ocorre como epífita em
locais sombreados em Floresta Ombrófila Densa de Terras
Baixas e Submontana. Epidendrum rodriguesii Cogn.,
espécie próxima de E. strobiliferum, também é citada para o
Paraná por Pabst & Dungs (1975). Ambas apresentam
características vegetativas e flores muito semelhantes,
residindo a principal diferença no labelo, que em
E. strobiliferum é inteiro e em E. rodriguesii é trilobado.
Todos os materiais analisados atribuídos a essas duas
espécies, são exemplares de E. strobiliferum, pois
apresentam labelo inteiro. Supõe-se que a citação de
E. rodriguesii para o estado se deva à identificação incorreta
de exemplares de E. strobiliferum.
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Acta bot. bras. 23(3): 864-880. 2009. 879
Figuras 19-20. Epidendrum saximontanum Pabst (Stancik 32). 19. Caule com folhas e inflorescência. 20. Peças florais. Figuras 21-23: Peças florais das espécies
de Epidendrum no Paraná. 21. Epidendrum secundum Jacq. (Stancik 12). 22. Epidendrum strobiliferum Rchb. f. (Leinig 170). 23. Epidendrum vesicatum Lindl.
(Hatschbach 11068).
22. Epidendrum vesicatum Lindl., Edwards’s Bot. Reg. 24
(misc.): 50. 1838.
Fig. 23
Epífita, pendente. Caule 9-39 cm compr., simples,
compresso, 0,7-0,8 cm larg., espessura constante; rizoma
inconspícuo. Folhas 3,5-12,8×1,3-6 cm, equitantes, glaucas,
cartáceas, elípticas a ovadas, fortemente imbricadas,
côncavas, ápice agudo. Inflorescência ca. 5,5 cm compr., em
corimbo, apical, pendente, base do pedúnculo envolvida
por brácteas de 3-5,5 cm compr.; brácteas florais
membranáceas, 0,3-0,4 cm compr., lanceoladas, cobrindo a
base do pedicelo, ápice agudo. Flores 5-10 por inflorescência;
pedicelo + ovário 2-3 cm compr., com base vesicada; sépalas
verde-claras, a dorsal 0,7-0,8×ca. 0,3 cm, ovada, plana, ápice
arredondado a agudo, as laterais ca. 0,7×0,3 cm, oblanceo-
ladas, subfalcadas, levemente côncavas, ápice agudo;
pétalas 0,6-0,8×ca. 0,1 cm, verde-claras, linear-oblanceola-
das, margem inteira, ápice arredondado; labelo 0,8×0,35 cm,
verde-claro, membranáceo, plano, inteiro, oblongo, margem
inteira, ápice mucronulado, calo verde-claro, constituído de
duas saliências ovóides, próximas entre si, ca. 0,01 cm,
basais; ginostêmio ca. 0,5 cm compr. Fruto não observado.
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Stancik et al.: O gênero Epidendrum L. (Orchidaceae) no Estado do Paraná, Brasil
880
Material selecionado: BRASIL. Paraná: Campina Grande
do Sul, 24/I/1964, Hatschbach 11068 (HB, MBM);
Paranaguá, 31/III/1966, Hatschbach 14169 (MBM); Pontal
do Paraná, 1/II/1966, Hatschbach 13653 (MBM).
Observações: ocorre no Brasil (BA, RJ, SP, PR, SC, RS).
Coletada com flores entre janeiro e abril. No Paraná é pouco
comum e por isso pouco coletada, ocorrendo como epífita
em locais sombreados, em Floresta Ombrófila Densa de
Terras Baixas e Montana e Floresta Ombrófila Mista. É
uma planta facilmente reconhecida por seus caules
pendentes com grandes folhas glaucas, côncavas,
imbricadas, que encobrem a inflorescência. Apresenta
flores de tonalidade verde-clara, as quais possuem ovário
com base vesicada.
Agradecimentos
Juliane F. Stancik, Renato Goldenberg e Fábio de Barros agradecem
as respectivas bolsas de Mestrado e de produtividade em pesquisa
recebidas do CNPq.
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