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ARTIGO ORIGINAL
Acta Med Port 2011; 24(S2): 493-502
AUTO-CONCEITO EM CRIANÇAS
Com Hiperactividade e Déce de Atenção
A Perturbação de Hiperactividade com Déce de Atenção (PHDA) é um distúrbio que se
caracteriza por déces signicativos em múltiplos domínios da vida das crianças afectadas
e interfere com o seu auto-conceito e auto-estima. No entanto, os estudos internacionais que
avaliam a relação entre PHDA e auto-conceito têm chegado a resultados contraditórios e em
Portugal este é um tema ainda pouco aprofundado.
O presente trabalho teve como objectivos avaliar o auto-conceito global e em diferentes domínios
(competência escolar, atlética, aparência física, comportamento e aceitação social) em crianças
com PHDA, em comparação com um grupo controlo, e analisar qual a inuência do subtipo
de PHDA no auto-conceito.
Foram estudadas 43 crianças seguidas na consulta de desenvolvimento de um hospital distrital
universitário que apresentavam diagnóstico clínico de PHDA, e 59 crianças sem este diagnóstico.
As crianças com PHDA foram divididas nos diferentes subtipos (predominantemente desatento,
predominantemente hiperactivo/impulsivo e combinado) tendo em conta as Escalas de Conners
Revistas, forma reduzida (versão portuguesa). A cada criança foi administrado o Self-Perception
Prole for Children (SPPC).
Na análise comparativa, vericou-se que o grupo de crianças com PHDA apresentava valores
inferiores nos diferentes domínios de auto-conceito e no auto-conceito global, com uma diferença
estatisticamente signicativa a nível escolar e comportamental. Em relação aos diferentes
subtipos de PHDA, apesar de os resultados não serem estatisticamente signicativos, sugerem
que as crianças se auto-percepcionam de maneira diferente consoante o subtipo. Tal discrepância
foi mais evidente na competência escolar, em relação à qual as crianças predominantemente
desatentas se consideraram menos capazes que as dos restantes subtipos.
Neste estudo, tal como na bibliograa internacional, as crianças com PHDA estudadas apresentam
um auto-conceito escolar e comportamental estatisticamente inferior ao das outras crianças da
mesma idade, necessitando de todo o apoio para um desenvolvimento emocional saudável.
R E S U M O
C.M., M.G., V.V., J.P.A., M.J.G.:
Serviço de Pediatria Médica.
Centro Hospital de S. João/
Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto. Porto.
Portugal
Catarina MAIA, Micaela GUARDIANO, Victor VIANA,
J. Paulo ALMEIDA, Maria Júlia GUIMARÃES
Self-Perception in Children with Attention-Decit/Hyperactivity Disorder
The Attention-Decit/ Hyperactivity Disorder (ADHD) is a disorder reected by signicant
decits in multiple domains, interfering with the self-perception and self-esteem of
children. However, international studies that assess the relationship between ADHD and
self-perception have come to contradictory results, and, in Portugal, this is still a little
investigated subject.
The present work aims to assess the self-percetion in different areas (scholastic competence,
athletic competence, physical appearance, behaviour and social acceptance) in children
with ADHD, comparing them with a control group. This study also tries to analyze whether
the subtype of ADHD could interfere differently with the self-perception.
We studied 43 children who had a clinical diagnosis of ADHD and 59 children
without this diagnosis. Children with ADHD were divided into different subtypes in
view of the revised Conners Scales (Portuguese version). The children completed the
Self-Perception Prole for Children.
S U M M A R Y
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Catarina MAIA et al, Crianças com hiperactividade e déce de atenção, Acta Med Port. 2011;
24(S2): 493-502
INTRODUÇÃO
A Perturbação de Hiperactividade com Déce de
Atenção (PHDA) é um distúrbio neurocomportamental
que afecta sobretudo crianças em idade escolar, mas pode
persistir na adolescência e na idade adulta1. Está associada
a uma tríade de sintomas: déce de atenção, hiperactividade
e impulsividade. Afecta aproximadamente três a sete por
cento das crianças em idade escolar e é mais frequente
no sexo masculino2. Não existe, até ao momento, uma
etiologia conhecida para este distúrbio, mas acredita-se que
a mesma seja multifactorial, com a contribuição de factores
genéticos, ambientais e psicossociais1. Sabe-se também
que estas crianças apresentam déces signicativos em
múltiplos domínios da vida com possível repercussão na
sua auto-estima, auto-conceito e desenvolvimento futuro2.
Existem na literatura diversas denições para auto-
estima3 e auto-conceito. Segundo Harter, o auto-conceito
resulta da competência percebida e da aprovação pelos
outros4. Harter desenvolveu um modelo multidimensional
em que enfatiza o auto-conceito global e em vários
domínios, ou seja, a competência e adequação percebidas
a nível escolar, atlético, social, comportamental e da
aparência física. Seguindo este modelo, que arma que
as crianças que experienciam fracassos frequentes estão
mais sujeitas a desenvolver baixos níveis de auto-conceito5,
seria lógico que as crianças com PHDA apresentassem uma
percepção negativa das suas competências, em especial nos
domínios de maior diculdade. Esta consciencialização
diminuiria assim a motivação, o esforço, o empenho e a
persistência em actividades futuras5.
No entanto, os estudos existentes têm chegado a
resultados contraditórios. Alguns apoiam a hipótese de
Harter ao encontrarem baixo auto-conceito nas crianças
com PHDA relativamente aos controlos6,7,8,9. Segundo esses
estudos o auto-conceito negativo motivado, muitas vezes,
pelo isolamento social é devastador pois é nesta idade que
as crianças desenvolvem o conceito de si próprias, podendo
traduzir-se, por exemplo, em victimização, depressão,
abandono escolar e comportamentos antissociais 10,11.
Por outro lado, há outros estudos que sugerem que
as crianças com PHDA tendem a sobrestimar as suas
próprias competências, processo denominado de viés
ilusório positivo. Segundo esta perspectiva, estas crianças
apresentam um auto-conceito nos diferentes domínios
que não é signicativamente diferente ou é até melhor
do que aquele das crianças sem este diagnóstico , apesar
de uma história marcada por dificuldades12,13,14. Este
auto-conceito positivo e desajustado seria mais elevado
nas áreas de maior diculdade, podendo ser explicado
por imaturidade cognitiva, déces neuropsicológicos,
ignorância da incompetência ou como um mecanismo de
auto-protecção15.
Com os novos avanços na área da Perturbação de
Hiperactividade e Déce de Atenção e a consciencialização
que as crianças com PHDA poderiam ser classicadas em
subtipos consoante os sintomas dominantes, diferindo
umas das outras em vários aspectos2, surge a hipótese
de que elas também possam diferir em relação ao auto-
conceito. Os dados a este nível são escassos, mas fazem
supor que crianças com o subtipo predominantemente
desatento (PHDA-D) apresentam um auto-conceito escolar/
académico inferior às com o subtipo predominantemente
hiperactivo (PHDA-H) ou combinado (PHDA-C) 16.
As dúvidas sobre este tema são ainda muitas e só
recentemente no nosso país se começou a despertar para
a problemática da PHDA e para as suas consequências.
Os estudos realizados em Portugal são escassos e é
fundamental que os profissionais de saúde tenham
informação sobre o impacto que o fracasso repetido tem
no auto-conceito das crianças e quais as áreas especícas
que poderão estar afectadas. Tal ajudará a fornecer-lhes o
apoio necessário para o desenvolvimento de um equilíbrio
emocional e a orientar as estratégias terapêuticas,
nomeadamente a terapia comportamental, eventualmente
diferente nos diferentes subtipos de PHDA.
Neste trabalho, pretendeu-se avaliar o auto-conceito
global e em diferentes domínios em crianças com PHDA,
comparando-as com um grupo controlo. Tentou-se ainda
vericar as diferenças no auto-conceito nos três subtipos
de PHDA.
From the analysis of averages comparison, it was found that the group of children with
ADHD showed lower values in the different domains of self-perception, with a statistically
signicant difference in scholastic and behaviour self-percetions. Regarding the different
subtypes of ADHD, the results were not statistically signicant, but indicated that children
perceive themselves differently depending on the subtype. This discrepancy was most
evident in scholastic competence where children predominantly inattentive considered
themselves less able than the others.
In this study, as in the international literature, children with ADHD have an scholastic and
behavioural self-percetion statistically inferior to other children of the same age, needing
every possible suport for a healthy emocional development.
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POPUlAÇÃO E MéTODOS
Amostra
Com consentimento informado dos pais ou
representantes das crianças e autorização do Conselho
de Administração do Hospital, após parecer positivo da
Comissão de Ética, foram estudadas 43 crianças seguidas
na consulta de desenvolvimento de um hospital distrital
universitário que apresentavam diagnóstico clínico de
PHDA e 59 crianças, sem este diagnóstico, a frequentar o
4º ano de escolaridade numa escola do 1º ciclo do distrito
do Porto. Foram excluídas do grupo com PHDA as crianças
que apresentavam atraso cognitivo. Em relação ao grupo
controlo, foram estabelecidos como critérios de exclusão
o seguimento em consulta de psicologia, psiquiatria ou
neurodesenvolvimento ou a presença de comportamentos
compatíveis com PHDA. Os dois grupos eram homogéneos
em termos de idade, idade e escolaridade dos pais, estrutura
familiar e classe de Graffar.
Procedimento
Todas as crianças com diagnóstico de PHDA que se
dirigiram à consulta de desenvolvimento do Serviço de
Pediatria, durante o tempo de realização da investigação,
foram convidadas a participar no estudo. O procedimento
foi explicado a cada criança e aos pais, pedindo-lhes o seu
consentimento informado. A cada criança foi administrado
o Self-Perception Prole for Children (SPPC) traduzido por
Victor Viana17. Também se aplicou aos pais um questionário
sociodemográco. De cada criança, foram ainda registados
factores de risco (FR) para PHDA, comorbilidades,
Quociente de Inteligência (QI), medido pela Escala de
Inteligência de Wechsler para crianças18, terapêutica que
realizavam e sua data de início. Os resultados das Escalas
de Conners19, previamente aplicadas, foram obtidos através
do processo clínico e, com base neles, as crianças foram
divididas em subtipos.
Em relação ao grupo controlo, inicialmente foi
obtida autorização do Director do Agrupamento e da
Coordenadora da Escola para a realização do estudo.
Em seguida foi dado conhecimento do objectivo do
estudo aos pais dos alunos, com obtenção do respectivo
consentimento informado. Foram ainda recolhidas
informações sociodemográcas e clínicas de cada aluno,
nomeadamente se estariam a ser seguidos em consulta
de Psicologia, Psiquiatria ou Neurodesenvolvimento ou
se os seus pais sofriam de alguma doença psiquiátrica.
Posteriormente, na sala de aula, cada criança foi convidada
a participar no estudo, sendo-lhe explicado o procedimento
e aplicado o SPPC17. Foi também solicitado ao professor
informação sobre o nível de sucesso académico de cada
criança, o seu comportamento e o facto de estar ou não a
ter apoio escolar individualizado.
INSTRUMENTOS
Questionário sociodemográco – pretende classicar
os participantes em termos de idade, género e número de
retenções de ano. Também visa obter informações sobre
idade, prossão e nível de escolaridade dos pais, estrutura
familiar, quanticação do rendimento familiar e tipo de
habitação, de forma a realizar a classicação social.
Self-Perception Profile for Children17 (SPPC) –
questionário com 36 questões, composto de seis subescalas
utilizadas para medir o auto-conceito global das crianças
e em vários domínios especícos: competência escolar,
social, atlética, aparência física e comportamento. Em cada
questão, as crianças têm de optar, entre duas frases, por
aquela que melhor as descreve (ex. algumas crianças não
gostam da forma como se comportam mas outras crianças
habitualmente gostam da forma como se comportam)
e, posteriormente, indicar o grau de concordância (ex.
é mesmo assim comigo ou é mais ou menos assim
comigo). A pontuação em cada subescala varia de um a
quatro e é obtida pela média dos valores dos seis itens de
cada subescala. Classicações elevadas indicam níveis
elevados de auto-conceito. Neste trabalho foi utilizado
o SPPC traduzido por Victor Viana. Esta escala também
foi adaptada para a população portuguesa por Faria e
Fontaine20 e Martins et al21.
Escala de Conners para pais e professores (versão
revista/forma reduzida)19 – ambas as escalas são
subdivididas em quatro subescalas: A)Comportamentos
de oposição; B)Problemas cognitivos/desatenção; C)
Excesso de actividade motora; D)Índice de Déce de
Atenção e Hiperactividade. As crianças foram classicadas
no subtipo PHDA-D se apresentavam um score padrão
≥ 60 na subescala B das escalas para pais e professores,
mas não na C; no subtipo PHDA-H se tinham um score
≥ 60 na subescala C de ambas as escalas, mas não na B;
e no subtipo PHDA-C, se tanto a subescala B como a C
nas escalas para pais e professores eram classicados com
score ≥ 60. Utilizou-se este cut off porque um score de 60
corresponde a um desvio padrão acima da média e para as
crianças que não preencham este critério é improvável que
cumpram os critérios do DSM-IV-TR 22.
ANÁlISE ESTATÍSTICA
Os resultados serão apresentados como média e desvio
padrão (DP) para as variáveis quantitativas e número e
percentagem para as variáveis categóricas. Na comparação
das características demográcas por grupos, utilizou-se o
teste exacto de Fisher para as variáveis categóricas, e o teste
t para as quantitativas. Na comparação de médias entre os
grupos principais (grupo controlo e grupo com PHDA),
foi usado o teste t. O teste t é um teste paramétrico que
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Fig. 1 – Tempo de realização da terapêutica farmacológica (metilfenidato) pelas crianças com PHDA até à data do estudo
serve para testar hipóteses sobre médias de uma variável
quantitativa. Para comparar várias amostras (subtipos
de PHDA), foi utilizado o teste de Kruskal Wallis. Este
é um teste não paramétrico usado para comparar várias
variáveis independentes. Foram consideradas diferenças
estatisticamente signicativas para valores de p<0.05. A
análise estatística foi realizada com o software SPSS.
RESUlTADOS
Este estudo incluiu 102 crianças, das quais 43
apresentavam diagnóstico clínico de PHDA e 59
foram recrutadas de uma escola do ensino básico, não
apresentando este diagnóstico. As crianças com PHDA
tinham idades compreendidas entre os sete e os 14
anos (média de 9,67 ± 2.15), sendo 39 (90.7%) do sexo
masculino e quatro (9.3%) do sexo feminino. O grupo
controlo incluiu crianças com idades entre os oito e os 11
anos (média de 9.12 ± 0.65), do qual 30 (50.8%) eram do
sexo masculino e 29 (49.2%) do sexo feminino.
Como evidenciado no quadro 1, os dois grupos eram
homogéneos em termos de idade, idade e escolaridade
dos pais, estrutura familiar e classe de Graffar, não se
registando diferenças estatisticamente significativas
entre eles no que se refere a estas variáveis. Em relação
ao género, o grupo de crianças com PHDA era diferente
de forma estatisticamente signicativa dos controlos,
apresentando um maior número de rapazes. Quando
comparadas as variáveis psicossociais, nomeadamente
a existência de psicopatologia parental, os resultados
encontrados não são estatisticamente signicativos, apesar
da maior prevalência no grupo com PHDA.
Das 43 crianças com PHDA, 83,7% estavam a
fazer medicação, mais concretamente metilfenidato,
e 53.5% encontravam-se a ter apoio pedagógico,
nomeadamente consulta de psicologia (32.6%), apoio
escolar individualizado (11.6%) ou ambos (9.3%).
Aproximadamente 44% das crianças realizavam terapia
múltipla, ou seja, terapêutica farmacológica e pedagógica.
Como mostra a figura 1, cerca de 50% das crianças
estudadas já tomavam metilfenidato há mais de um ano. O
tempo de terapêutica farmacológica variou de dois meses ou
menos para seis crianças até mais de 36 meses para apenas
uma delas. Duas destas crianças haviam sido tratadas
para depressão; sete tinham história de comportamentos
agressivos e aproximadamente metade havia revelado
comportamentos de oposição. Relativamente ao QI,
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Quadro 1. Características dos participantes
Características PHDA, n = 43 Controlo, n = 59 P
Idade, Média (DP) 9.67 (2.15) 9.12 (0.65) 0.107*
Idade da mãe, Média (DP) 35.86 (6.10) 37.68 (4.81) 0.096*
Idade do pai, Média (DP) 38.74 (5.39) 40.64 (7.09) 0.146*
Sexo masculino, n (%) 39 (90.7) 30 (50.8) <0.001**
Estrutura familiar, n (%) 0.866**
Uniparental 4 (9.3) 6 (10.2)
Nuclear 34 (79.1) 48 (81.4)
Alargada/Reconstruída 5 (11.6) 5 (8.5)
Escolaridade mãe, n (%) 0.336**
≥ 9 anos 13 (30.2) 14 (23.7)
< 9 anos 27 (62.8) 45 (76.3)
Não sabe 2 (7.0) 0 (0.0)
Escolaridade pai, n (%) 0.760**
≥ 9 anos 11 (25.6) 15 (25.4)
< 9 anos 28 (65.1) 44 (74.6)
Não sabe 3 (9.3) 0 (0.0)
Escala de Graffar, n (%) 0.620**
≤ III 19 (44.2) 29 (49.2)
> III 24 (55.8) 30 (50.8)
Retenção de ano, n (% sim) 12 (27.9) 9 (15.3) 0.119**
Medicação, n (% sim) 36 (83.7) 0 (0) NA
Psicoterapia, n (% sim) 14 (32.6) 0 (0) NA
Apoio escolar, n (% sim) 5 (11.6) 0 (0) NA
Psicoterapia + apoio, n (% sim) 4 (9.3) 0 (0) NA
Psicopatologia parental, n (% sim) 6 (14.0) 3 (5.08) 0.162**
PHDA: Perturbação de Hiperactividade com Déce de Atenção; NA: Não se aplica por metodologia do estudo; * Teste t; ** Teste exacto de Fisher
aproximadamente 2/3 das crianças com PHDA apresentava
valores compreendidos entre 85 e 115; uma tinha valores
superiores a 115 e 11 apresentavam QI entre 70 e 85.
Quatro das crianças estudadas não tinham realizado este
teste. Nenhuma das crianças do grupo controlo estava
a receber apoio escolar especial ou apresentava alguma
das comorbilidades estudadas. O grupo controlo não foi
estudado no que se refere ao QI. Em termos de retenção de
ano, as diferenças não são estatisticamente signicativas,
apesar das crianças com PHDA apresentarem maior
número de reprovações. Em ambos os grupos, apenas uma
das crianças estudadas tinha reprovado mais de uma vez.
No quadro 2, estão discriminados alguns dos FR das
crianças com PHDA que são comumente associados a esta
patologia. De notar que 30.2% apresentava algum dos FR
pessoais estudados e 27.9% algum dos FR psicossociais. Os
três casos de complicações durante a gravidez reportados
consistem em trombocitopenia idiopática, placenta prévia
e pré-eclâmpsia. Relativamente à psicopatologia parental,
foram descritos quatro casos de patologia depressiva
materna, um de atraso cognitivo e acompanhamento
psiquiátrico paterno e um de doença bipolar paterna e
patologia depressiva materna. Contudo, 53.5% destas
crianças não apresentava nenhum dos factores de risco
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considerados.
Da análise comparativa (quadro 3), vericou-se uma
diferença estatisticamente signicativa no auto-conceito
relativo à competência escolar e ao comportamento, com
uma média inferior no grupo de crianças com PHDA.
Estas crianças também apresentavam médias inferiores
em todos os outros domínios analisados, mas não de forma
estatisticamente signicativa. Tendo em conta as diferenças
encontradas entre os dois grupos relativamente ao género,
procedeu-se à análise estatística incluindo apenas rapazes
(quadro 4). Os resultados encontrados foram semelhantes.
Não foi possível comparar apenas raparigas devido ao
reduzido número de raparigas com PHDA estudadas.
As crianças com PHDA, como já referido, foram
divididas em três grupos, tendo em conta a Escala
de Conners: 11 pertenciam ao subtipo PHDA-D, 12
ao PHDA-H e 15 ao PHDA-C. Na figura 2, estão
discriminadas algumas características e comorbilidades
destas crianças. O subtipo PHDA-D concentrava a maioria
das crianças com QI inferior a 85, assim como aquelas que
apresentaram maior taxa de reprovações. Pelo contrário,
os comportamentos agressivos e de oposição foram mais
vezes reportados nas crianças PHDA-H e PHDA-C.
Na comparação entre médias de auto-conceito por
subtipos (quadro 5), os resultados encontrados não foram
estatisticamente signicativos, mas convém realçar alguns
aspectos. As crianças PHDA-D apresentavam um auto-
conceito menor do que as PHDA-H em todos os domínios,
excepto no comportamento e na aparência física. Quando
se compararam as crianças PHDA-H e PHDA-C com os
controlos, as diferenças apenas foram signicativas no
que se refere ao comportamento (p <0.001 e p=0.014
respectivamente). Em relação ao grupo com PHDA-D, este
apresentou um menor auto-conceito do que os controlos a
nível do comportamento (p=0.005), da competência atlética
(p=0.014) e escolar (p=0.005), de forma estatisticamente
signicativa.
DISCUSSÃO
A importância do estudo da PHDA é determinada, em
parte, pela sua elevada prevalência e pela possibilidade de
repercussão no desenvolvimento futuro das crianças. Em
Portugal, só recentemente se começou a despertar para esta
problemática e novos estudos são necessários de forma a
melhor orientar estas crianças que são, frequentemente,
Quadro 2: Comorbilidades e Factores de Risco das crianças com PHDA
PHDA – D,
n =11 N (%)
PHDA – H,
n = 12 N (%)
PHDA – C,
n = 15 N (%)
PHDA,
n = 43 N (%)
Comorbilidades
História de depressão 1 (9.1) 0 (0) 0 (0) 2 (4.7)
Comportamentos agressivos 0 (0) 0 (0) 6 (40) 7 (16.3)
Comportamentos de oposição 2 (28.6 a)6 (54.5 a)8 (66.7 a)16 (53.3 a)
Factores de Risco
Pessoais
Tabagismo na gravidez 3 (27.3) 01 (6.7) 4 (9.3)
Complicações na gravidez 2 (18.1) 1 (8.3) 03 (6.9)
Prematuridade 1 (9.1) 1 (8.3) 02 (4.7)
RCIU 1 (9.1) 02 (13.3) 3 (7.0)
Sílis congénita +
consumo de droga na gravidez 0 0 1 (6.7) 1 (2.3)
Nenhum 5 (45.4) 10 (83.3) 11 (73.3) 30 (69.8)
Psicossociais
Família conituosa 1 (9.1) 1 (8.3) 1 (6.7) 3 (6.9)
Psicopatologia parental 3 (27.3) 2 (16.7) 1 (6.7) 6 (13.9)
Progenitor com mesmo Dx 3 (27.3) 1 (8.3) 1 (6.7) 5 (11.6)
Nenhum 6 (54.5) 8 (66.7) 12 (80) 31 (72.1)
Nenhum Factor de Risco 3 (27.3) 6 (50.0) 9 (60.0) 23 (53.5)
PHDA – D: Perturbação de Hiperactividade com Déce de Atenção, Subtipo predominantemente Desatento; PHDA – H: Perturbação de Hiperactividade
com Déce de Atenção, Subtipo predominantemente Hiperactivo/ Impulsivo; PHDA – C: Perturbação de Hiperactividade com Déce de Atenção, Subtipo
Combinado; PHDA: Perturbação de Hiperactividade com Déce de Atenção; Dx: Diagnóstico; a o número estudado é inferior ao do subgrupo inicial.
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Fig. 2 – Retenção de ano, QI e comportamento nas crianças com PHDA, consoante os subtipos
Quadro 3. Auto-conceito em crianças com PHDA e grupo controlo, teste t
Domínio Crianças com PHDA,
n = 43 Média (DP)
Grupo Controlo,
n = 59 Média (DP) P
Competência escolar 2.56 (0.57) 2.84 (0.66) 0.028*
Competência social 3.04 (0.58) 3.07 (0.62) 0.800
Competência atlética 2.72 (0.68) 2.77 (0.49) 0.658
Aparência física 3.24 (0.70) 3.25 (0.69) 0.947
Comportamento 2.09 (0.74) 2.81 (0.64) <0.001*
Auto-estima global 3.17 (0.59) 3.23 (0.62) 0.622
PHDA – Perturbação de Hiperactividade com Déce de Atenção; * p <0.05
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Quadro 4. Auto-conceito em rapazes com PHDA e rapazes sem este diagnóstico, teste t
Domínio Crianças com PHDA,
n = 39 Média (DP)
Grupo Controlo,
n = 30 Média (DP) P
Competência escolar 2,56 (0,59) 2,96 (0,62) 0,008*
Competência social 3,07 (0,60) 3,08 (0,55) 0,915
Competência atlética 2,75 (0,70) 2,86 (0,45) 0,419
Aparência física 3,25 (0,69) 3,36 (0,63) 0,485
Comportamento 2,06 (0,75) 2,92 (0,54) <0,001*
Auto-estima global 3,19 (0,61) 3,32 (0,60) 0,387
PHDA – Perturbação de Hiperactividade com Déce de Atenção; * p <0.05
Quadro 5. Auto-conceito em crianças com PHDA consoante o subtipo, teste Kruskal Wallis
Domínio PHDA – D,
n=11 Média (DP)
PHDA – H,
n = 12 Média (DP)
PHDA – C,
n=15 Média (DP) P
Competência escolar 2.23 (0.56) 2.81 (0.51) 2.53 (0.62) 0.082
Competência social 2.95 (0.46) 3.07 (0.82) 3.06 (0.45) 0.591
Competência atlética 2.33 (0.70) 2.82 (0.65) 2.69 (0.60) 0.196
Aparência física 3.26 (0.84) 3.08 (0.93) 3.24 (0.44) 0.714
Comportamento 2.21 (0.57) 1.85 (0.63) 2.17 (0.87) 0.325
Auto-estima global 3.15 (0.56) 3.36 (0.59) 2.93 (0.59) 0.117
PHDA – D: Perturbação de Hiperactividade com Déce de Atenção, Subtipo predominantemente desatento; PHDA – H: Perturbação de Hiperactividade
com Déce de Atenção, Subtipo predominantemente Hiperactivo/ Impulsivo; PHDA – C: Perturbação de Hiperactividade com Déce de Atenção,
Subtipo Combinado;
a atenção. Nas restantes subescalas, apesar das crianças
com PHDA se auto-percepcionarem de forma inferior às
sem esta patologia, os resultados não são estatisticamente
significativos. Também no auto-conceito global não
parecem diferir das restantes, o que indica, que apesar de
reconhecerem as suas diculdades, elas acabam, de alguma
maneira, por não se considerarem piores, nem desejarem
ser diferentes. Tal poderá ser explicado pelo viés ilusório
positivo, que muitas vezes é associado à auto-percepção
destas crianças, segundo o qual, apesar das constantes
diculdades e críticas, o seu auto-conceito global não é
afectado.
Sendo assim, os nossos resultados vão parcialmente
ao encontro de outros estudos já realizados. Dumas9
e Evangelista23 referiram que as crianças com PHDA
apresentam um auto-conceito mais negativo de forma
estatisticamente signicativa no que se refere à competência
escolar, social e ao comportamento. Também Barber7
e Hoza14 encontraram diferenças estatisticamente
signicativas na subescala comportamento entre os dois
grupos, sendo menor nas crianças com PHDA.
O motivo pelo qual o nosso estudo não encontrou
diferenças estatisticamente signicativas entre os grupos
na competência social pode residir no facto deste estudo
praticamente só incluir rapazes no grupo de crianças com
encaradas como mal-educadas, preguiçosas e arrogantes.
O seu comportamento turbulento atrai, muitas vezes,
sentimentos negativos e punições. São o aluno que não
quer aprender ou o lho que não se consegue educar.
Mas será que estas crianças estão contentes com o
seu comportamento e o seu percurso escolar? Ou pelo
contrário, têm consciência das suas dificuldades e
insucessos? Considerar-se-ão superiores aos outros, como
muitos pensam ou, no fundo, só desejariam ser iguais?
Os resultados encontrados sugerem que as crianças com
PHDA se auto-percepcionam de forma diferente das outras
da mesma idade, sendo a percepção da sua competência
escolar e principalmente do seu comportamento o que mais
as diferencia. A diferença estatisticamente signicativa a
nível da competência escolar, com as crianças com PHDA
a apresentarem um auto-conceito mais negativo, indica
que elas reconhecem as suas diculdades na sala de aula e
sentem que não são tão inteligentes, nem tão capazes como
os seus pares. Além disso, elas também percebem que o
seu comportamento não é o mais adequado, agindo, muitas
vezes, de maneira diferente daquilo que se espera delas.
Um baixo nível na subescala comportamento e o facto
de ser aquele em que os resultados são estatisticamente
mais signicativos vai, assim, ao encontro do facto de
ser o seu comportamento errático que mais vezes chama
Catarina MAIA et al, Crianças com hiperactividade e déce de atenção, Acta Med Port. 2011;
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PHDA e os problemas sociais serem mais frequentes
nas raparigas24 ou ainda na dimensão da amostra. Além
disso, algumas das crianças com PHDA já usufruíam
de apoio psicopedagógico o que as ajuda a desenvolver
competências sociais e a ter relações satisfatórias com
os pares e familiares25. O auto-conceito superior na
competência atlética nas crianças com PHDA evidenciada
em alguns estudos7,9,14,23 também não vai ao encontro
do que encontrámos. Contudo, em ambos os estudos os
resultados não são estatisticamente signicativos o que
indica que, provavelmente, esta não é uma área em que
os grupos sejam diferentes. Assim, o facto destas crianças
aparentemente não se sentirem inferiorizadas a este nível
poderá ser usado como reforço positivo, levando-as a
participar em actividades desportivas de equipa, onde são
tão boas como os companheiros25.
No que concerne ao estudo dos diferentes subtipos,
não é possível fazer grandes generalizações, na medida em
que a amostra é reduzida, e a escala de Conners não está
inteiramente de acordo com o DSM-IV-TR. Contudo, há
estudos que sugerem que ambos podem ser utilizados com
este propósito22,26
.
Relativamente à comparação das comorbilidades, as
crianças PHDA-H e PHDA-C concentram a maioria dos
casos de comportamentos agressivos e de oposição (este
último evidenciado em cerca de 50%) e as do subtipo
PHDA-D manifestam maiores diculdades cognitivas,
o que está de acordo com o DSM-IV-TR2. Tal poderá
sugerir que o subtipo PHDA-D é aquele que tem maior
repercussão no futuro académico e prossional, enquanto
as crianças marcadas pela hiperactividade apresentarão
uma maior tendência para comportamentos disruptivos e
problemas sociais.
Em relação à comparação de médias de auto-conceito
por subtipos, os resultados encontrados, apesar de não
serem estatisticamente signicativos, vão ao encontro do
referido por Owens16. Também no presente estudo, é na
competência escolar que as diferenças entre os subtipos
são mais evidentes, sendo consistente com a ideia que as
crianças PHDA-D têm mais diculdade que as com os
outros subtipos neste domínio2,27. Ainda de acordo com este
estudo, está o facto das crianças PHDA-D apresentarem
níveis mais baixos de auto-conceito, estatisticamente
signicativos relativamente aos controlos, na competência
escolar e comportamento, enquanto as com os outros
subtipos têm níveis mais baixos apenas no comportamento.
Tal enfatiza que é no comportamento que as crianças
marcadas pela hiperactividade sentem as maiores
diculdades, enquanto aquelas onde a desatenção é mais
evidente se sentem inferiores a nível académico/escolar.
Este estudo apresenta algumas limitações. Uma delas
é o grupo com PHDA praticamente só incluir rapazes e
o grupo controlo ter rapazes e raparigas em proporções
semelhantes. Contudo, ao comparar separadamente apenas
os rapazes, os resultados permanecem estatisticamente
signicativos. Outra limitação prende-se com o facto
do grupo controlo não ter sido avaliado objectivamente
quanto ao QI e à presença de PHDA. No entanto, nenhuma
criança estava a ser seguida em consulta de psicologia
ou de psiquiatria ou tinha comportamentos compatíveis
com PHDA, o que torna pouco provável este diagnóstico.
Além disso, segundo as professoras, nenhuma criança
apresentava dificuldades cognitivas ou precisava de
acompanhamento, situando a maioria delas num nível
académico satisfatório, apesar de existirem casos de
reprovações. O grupo com PHDA também não foi avaliado
objectivamente no que respeita a sintomas depressivos
ou agressivos, que poderiam ser factores confundidores.
Contudo, tendo em conta que estas crianças estão a ser
acompanhadas em consulta multidisciplinar, estes seriam
facilmente perceptíveis e o número reportado foi reduzido,
não parecendo suciente para alterar os resultados. De
referir ainda que a maioria das crianças com PHDA já se
encontrava a fazer medicação, o que poderá ter inuenciado
os resultados, pois há estudos que armam que a terapia
farmacológica melhora a sintomatologia28, o que poderá
aumentar os sentimentos de competência. Outros estudos,
no entanto, põem em causa esta melhoria no auto-conceito
consequente à medicação29. Por m, de referir, o reduzido
número da amostra.
Serão pois importantes estudos longitudinais e com
amostras maiores, de forma a melhor compreender o
impacto das terapias farmacológica e pedagógica.
CONClUSõES
Este estudo fornece uma melhor compreensão
sobre o auto-conceito das crianças com PHDA e o
modo como a severidade dos sintomas de desatenção
ou hiperactividade/impulsividade poderá alterar as suas
percepções. Tal como descrito na bibliograa internacional,
as nossas crianças com PHDA sentem-se inferiorizadas,
principalmente em relação às suas competências escolares
e de comportamento, sendo importante identicá-las e
iniciar intervenções que lhes devolvam a conança em si
próprias e promovam comportamentos socialmente mais
aceites. Os pais, médicos, psicólogos e professores devem
ter consciência que estas crianças têm noção das suas
limitações, e necessitam de todo o suporte possível para
desenvolver as suas competências e se tornarem adultos
saudáveis.
AGRADECIMENTOS
A Armando Teixeira-Pinto pela ajuda na análise
estatística. Serviço de Bioestatística e Informática Médica.
Catarina MAIA et al, Crianças com hiperactividade e déce de atenção, Acta Med Port. 2011;
24(S2): 493-502
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Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
Conito de interesses:
Os autores declaram não ter nenhum conito de interesses relativamente
ao presente artigo.
Fontes de nanciamento:
Não existiram fontes externas de nanciamento para a realização deste
artigo.
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