Resumo Esta pesquisa teve por objetivo avaliar as propriedades psicométricas (validade convergente, validade discriminante, confiabilidade composta, validade de critério e nomológica) de três escalas de mensuração da AO. Foram obtidas 416 respostas válidas de diferentes organizações do ramo industrial e de serviços na região Sudeste do Brasil. Os dados foram analisados em duas etapas. Na primeira foi utilizada a análise fatorial confirmatória, mantendo-se a estrutura fatorial definida nos estudos prévios. Na segunda etapa de análise, a AO foi utilizada como preditora do desempenho organizacional, mediada pela inovação. Do ponto de vista psicométrico (validade convergente, validade discriminante, confiabilidade, validade de critério e validade nomológica) as três escalas apresentaram resultados aceitáveis. Entretanto, a escala de Bontis, Crossan e Hulland (2002) foi a que apresentou menor correlação com a escala de López, Peón e Ordás (2005a; 2005b) e também menor correlação com a inovação (validade de critério). O fato de ter havido validade discriminante entre as três escalas (o ideal é que não houvesse) pode ser explicado pela complexidade do construto " aprendizagem organizacional " , que foi modelado com variáveis latentes de ordem superior para abarcar de forma mais completa o domínio de definição do construto. Foi observado que há maior sobreposição de conteúdos da escala de Chan (2003) e López et al., enquanto a escala de Bontis et al. não inclui aspectos relacionados a " pessoas " . Como tinha sido proposto no modelo hipotético, a influência da aprendizagem organizacional no desempenho organizacional é mediada totalmente pela inovação e, novamente, a escala de Bontis et al. apresentou validade de critério levemente inferior às outras duas. A primeira implicação desses resultados é a necessidade de ampliar a escala de Bontis et al. incluindo-se itens relacionados a " pessoas " , melhorando assim sua validade de conteúdo. Para pesquisas futuras, tanto a escala de Chan (2003) como a de López et al. se mostraram adequadas para a mensuração da aprendizagem organizacional. A ausência de assertivas referentes a " pessoas " na escala de Bontis et al. é explicável pelo contexto em que foi desenvolvida, que era mais relacionado a gestão do conhecimento, cuja preocupação principal são os mecanismos e sistemas para a aquisição, disseminação e armazenamento de informações. Do ponto de vista metodológico, uma contribuição que pode ser apontada foi o uso do PLS-PM (Partial Least Squares Path Modeling), que permitiu a estimação do modelo completo e a avaliação de suas partes. A análise fatorial exploratória seria inadequada, como se observou na análise de Silva Filho (2009) e o LISREL não teria suas suposições atendidas ou a não-convergência do algoritmo dada a complexidade do modelo. Como limitações aponta-se a impossibilidade de generalizações, dado que a amostra não é probabilística, e a impossibilidade de se fazer afirmações causais, já que o estudo é correlacional e cross sectional. 2 Introdução A aprendizagem organizacional (AO) tem sido definida de diversas formas, por exemplo, como a capacidade da organização para processar informações e criar informação e conhecimento (LÓPEZ; PEÓN; ORDÁS, 2005a) e como um processo de renovação estratégica em que o esforço de pesquisa estaria em entender como o estoque de conhecimento muda ao longo do tempo (BONTIS; CROSSAN; HULLAND, 2002). Além disso, também é considerada como um fenômeno multidimensional, como exemplo, no modelo de Chan (2003), que abrande os seguintes construtos: delegação de poder (CLDP); clareza de propósito e missão (CPM); equipe de trabalho e solução de problemas em grupo (ETSP); práticas e recompensas (PR) e transferência de conhecimento (TC). Ainda que a relação da AO com o desempenho das organizações seja mais indireta do que direta, do ponto de vista empírico, seu estudo é relevante porque aponta caminhos para o aumento do desempenho e do ponto de vista acadêmico, conseguir mensurar a AO e identificar variáveis que mediam sua relação com o desempenho tem sido um caminho trilhado por pesquisadores como Jiménez-Jimenez et al. (2008) e López, Peón e Ordás (2005a; 2005b) A operacionalização de conceitos abstratos como a AO, pode ser feita de diversas formas e varia de uma pesquisa para outra, mesmo quando a definição constitutiva do construto é única. Os itens utilizados para a mensuração do construto (definição operacional) dependerão do referencial teórico e das pesquisas prévias, incluindo pesquisas qualitativas e pré-testes, que tenham sido realizadas (