Resumo: Este artigo apresenta algumas reflexões desenvolvidas acerca das representações do mal, das coisas vis e da justiça divina nos sermões produzidos pelo Pe. Antônio Vieira. Entendemos que as imagens discursivas construídas nos sermões visam, para além da pura ornamentação estética , atender a preceitos formais essencialmente ligados à função do sermão e aos objetivos que este pretende alcançar. Neste sentido, buscamos analisar de que forma as imagens do mal contribuíam para a eficácia dos sermões, no que diz respeito à busca pela conversão do seu auditório e pela (re)afirmação de valores morais e religiosos ligados aos pactos políticos do Império português no século XVII. Palavras-Chave: Antônio Vieira, parenética, alegoria, mal, representação. 1. INTRODUÇÃO Este artigo visa apresentar algumas reflexões desenvolvidas com vistas a compreender de que forma as representações acerca do mal, das coisas vis e da justiça divina, construídas pelo padre Antônio Vieira (1608-1697) em seus sermões, contribuíam para (re)afirmar valores religiosos e morais ligados aos pactos políticos da América Portuguesa no século XVII. Refletiremos de forma especial sobre dois sermões que consideramos exemplares acerca do objeto que nos propomos a analisar. São eles: o Sermão da Primeira dominga do Advento (VIEIRA, 1959, p. 67-108, vol. I), pregado em 1652, na Capela Real de Lisboa; e o Sermão da Publicação do Jubileu (VIEIRA, 1959, p. 121-149, vol. XIV), pregado em 1654, em São Luís do Maranhão.