... Esta "metamorfose", de recolector e caçador oportunista a caçador metódico, representou um salto determinante na sua própria evolução (Larsen, 2003). As evidências de uma herança adquirida ao longo de milhões de anos, suportada num intenso consumo de carne, revelam-se principalmente: 1) nas alterações craniofaciais sofridas (Speth, 1989); 2) na morfologia gastrointestinal adaptada à digestão da carne (Henneberg, Sarafis & Mathers, 1998); 3) na consequente encefalização (Foley & Lee, 1991;Aiello & Wheeler, 1995), resultante de um maior aporte energético (Martin, 1981;Mann, 1998) e no fornecimento de ácidos gordos poliinsaturados ao cérebro (Crawford, 1992;Chamberlain, 1996). Paralelamente, surgiram outros modelos de investigação, que testemunham a presença de carne na dieta dos nossos ancestrais hominídeos, nomeadamente: 1) de rácios de isótopos (Sr/Ca e C13/C12) encontrados nos remanescentes fósseis ósseos (Sillen, 1992;Lee-Thorp et al., 1994;Sillen & Lee-Thorp, 1994;Sponheimer & Lee-Thorp, 1999); 2) de análise custo/benefício descrita como "Theory of Optimal Foraging" (Pyke, Pulliam & Charnow, 1977); 3) de padrões alimentares das sociedades primitivas ainda existentes (Mann, 2007); 4) de modelos de co-evolução entre a Taenia saginata, a Taenia solium e o Homem (Henneberg, Sarafis & Mathers, 1998). ...