Introdução O Filo Cnidaria tem cerca de 20 representantes no Brasil que podem contribuir ativamente para a construção de recifes de coral, desses, a maior parte é de corais escleractínios e o restante de hidróides calcários [1]. Todos estes, no entanto, dependem de uma relação de simbiose com dinoflagelados fotossintetizantes para o desempenho perfeito do papel de construtores. Estes simbiontes pertencem ao gênero Symbiodinium e são mais conhecidos como zooxantelas [2]. A partir desse contexto, temos duas divisões genéricas: cnidários zooxantelados e azooxantelados [3,4]. Essa denominação implica numa série de fatores ecológicos, bióticos e abióticos, inerentes à manutenção da relação coral x zooxantela, tais como temperatura e intensidade luminosa, que são influenciados diretamente pela profundidade. Uma vez que zooxantelas são fotossintetizantes, é de se inferir que os organismos aos quais elas se associam se distribuam em locais rasos, de pouca sedimentação e de luminosidade e temperatura elevadas, ou seja, ambientes recifais. Por conseguinte, todos os cnidários construtores de recifes de águas rasas são zooxantelados [1]. E, em se tratando desses ecossistemas, é essencial que esses organismos sejam bastante tolerantes a grandes variações ambientais. No entanto, nos últimos anos, a frágil e relativa estabilidade mantida nos ambientes recifais vêm sendo ameaçada por alterações ambientais resultantes da ação antrópica, como o aquecimento global, em grande escala, e a eutrofização de ambientes costeiros, como degradações mais pontuais [5]. Mais recentemente, pesquisas com finalidades comerciais e científicas têm sido realizadas, visando uma maior e melhor exploração de recursos em águas profundas ao redor do mundo, uma vez que seus habitantes são menos afetados por mudanças climáticas (mesmo sendo vítimas de degradação via atividades pouco regulamentadas) [3,6]. No Brasil, apesar de os esforços nesse sentido ainda serem poucos [4,7], algumas expedições oceanográficas, resultantes de parcerias do Governo Federal, Marinha do Brasil e instituições de pesquisa têm contribuído para uma melhor compreensão da biodiversidade desses ambientes. Tendo em mente a estabilidade desses ambientes profundos, assim como a necessidade de preservação de corais zooxantelados para a futura construção e manutenção do arcabouço de ecossistemas recifais em águas rasas, o objetivo do presente trabalho é, portanto, reportar a ocorrência de corais e hidróides calcários zooxantelados em ambientes de profundidade no nordeste do Brasil.