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Gênero, educação da pequena infância, cultura e sociedade - EFLCH Unifesp


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Este artigo tem como objetivo analisar a questão da construção identitária das meninas negras nas literaturas infantis negras contemporâneas no Brasil. Os procedimentos metodológicos envolvem entrevistas com quatro escritoras negras de literatura infantil: Sonia Rosa, Lucimar Dias, Kiusam de Oliveira e Odara Delé. Buscou-se identificar os processos de criação e construção identitária de suas personagens. Pensar na literatura infantil protagonizada por personagens de meninas negras revela-se como possibilidade de refletir sobre os aspectos materiais e simbólicos, sob os quais os processos identitários étnico-raciais e de gênero vão sendo constituídos na infância. Tem como referencial teórico os estudos negros, que interseccionalizam as questões de gênero e étnico-raciais (hooks, 2017; Collins, 2019; 2019; Gomes, 2019a, 2019b). Os resultados revelam como as literaturas infantis podem dar ênfase aos processos de resistência e contra-hegemônicos de construção das identidades, evidenciando processos de empoderamento, desde as primeiras relações na educação da pequena infância.
Este texto aborda os desafios da inserção de gênero na formação inicial docente, diante do preocupante cenário social e político, no qual movimentos antigênero questionam a pertinência da discussão de gênero no âmbito educacional. Analisa os relatórios da UNESCO sobre “Educação em Sexualidade e Relações de Gênero na Formação Inicial Docente no Ensino Superior", de 2014 e 2017. Para isso, o texto apresenta as experiências de quatro professoras universitárias feministas da região sul e sudeste do Brasil, bem como seus esforços e negociações para a promoção de mudanças relacionadas à temática, revelando o currículo como um campo de disputas, com tensos processos que permeiam a institucionalização da temática de gênero. O artigo provoca-nos a pensar como a violência de gênero na universidade assume também um caráter denunciatório da discriminação estrutural de gênero, que inclusive afeta a ocupação dos espaços de tomada de decisão. Por fim, o texto aponta para a importância da construção de um projeto político pedagógico comprometido com a eliminação das desigualdades, que possa servir de instrumento de resistência para o campo educativo.
É possível reconhecer que os estudos de gênero nos últimos anos uniram forças e realizaram muitos esforços para definir e ocupar seu espaço na universidade e na produção acadêmica, buscando o reconhecimento do campo de estudo. A complexidade dos fenômenos culturais, políticos, econômicos e sociais que se entrelaçam e convergem na reprodução da desigualdade de gênero revelam que ainda existem muitos obstáculos a superar. Esses obstáculos destacam a necessidade contínua de defender e fortalecer os estudos de gênero como uma disciplina essencial para compreender e combater as desigualdades e violências.
En Brasil, en los últimos años, vivimos un momento histórico de retrocesos, a través de una restricción de las políticas sociales. Los estudios brasileños indican cómo el género ha sido utilizado para difundir el pánico moral, en relación con la educación de niños/as y jóvenes, aumentando los discursos públicos antigénero. El término género se volvió temido por muchas personas, especialmente a partir de discursos conservadores de algunas ramas religiosas, respaldados por políticos que representaban a sectores de la sociedad civil. Las políticas públicas contra la “ideología de género” en las instituciones educativas, acompañadas del discurso de protección de las familias y de la niñez, promueven la comprensión de que el género distorsiona y de�ende la sexualización de los/as niños/as, el fomento de la homosexualidad y la destrucción de la familia. El crecimiento de las controversias en este campo llama la atención sobre el hecho de que los/as niños/as están en el centro de las cruzadas de género.
FEUSP) Educação Infantil; Gênero; Corpo ST 10 – Educação Infantil e relações de Gênero Introdução Este trabalho, que apresenta resultados de minha pesquisa de doutorado em andamento, tem como base o conceito de gênero para analisar as interações adulto-criança e criança-criança no espaço coletivo e público da pré-escola. Parte da perspectiva sócio-cultural, que permite centrar o olhar nas formas de controle dos corpos infantis, processo este social e culturalmente determinado, permeado por um controle sutil, muitas vezes por nós desapercebido. Busca investigar como as práticas educativas constroem e reforçam as diferenças determinadas pelo seu sexo. O estudo de caráter etnográfico enfocou as relações de gênero entre meninos e meninas de 4 a 6 anos, e entre adultos e crianças de uma Escola Municipal de Educação Infantil Paulistana. Utilizou como procedimentos metodológicos registros em cadernos de campo, registros fotográficos e entrevistas semi-estruturadas com a equipe de professoras. Atrelar gênero e infância oferece pistas para uma outra formação docente que problematize a origem das desigualdades. Percebeu-se que é necessário discutir as teorias de gênero enquanto fundantes da análise das relações entre crianças e entre adultos e crianças e para a construção de práticas educativas atentas às diferenças e que combata a desigualdade. A utilização do gênero como categoria de análise implica em conhecer, saber mais sobre as diferenças sexuais. Compreender como são produzidas pelas culturas e sociedades nas relações entre homens e mulheres. Portanto, como nos diz Scott (1995), gênero pode ser entendido como a "organização social da diferença sexual". Gênero, segundo Scott, é um elemento constitutivo das relações sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, que fornece um meio de decodificar o significado e de compreender as complexas conexões entre as várias formas de interação humana. É a construção social que uma dada cultura estabelece ou elege em relação a homens e mulheres. Optar por tal conceito constituiu-se em um desafio que aceitei por acreditar em uma educação que respeite a criança na construção de sua identidade e que favoreça, desde as primeiras relações, a constituição de pessoas sem práticas sexistas. Gênero, desse modo é um conceito relevante, útil e apropriado para as questões sobre a educação da infância.

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Daniela Finco
Department
  • Departamento de Educação
About Daniela Finco
  • Daniela Finco, researcher and associate professor at the Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, no Departamento de Educação, Universidade Federal de São Paulo (EFLCH - Unifesp) Brazil. Daniela is leader of the Research Group on Gender, Early Childhood Education, Culture and Society. Her current research interests are related to Gender Studies, Education, Sociology of Childhood, Feminist Pedagogies, Human Rights. dfinco@unifesp.br

Members (4)

Claudia Vianna
  • University of São Paulo
Gabriella Seveso
  • Università degli Studi di Milano-Bicocca
Rosa Chaves
  • Federal University of São Paulo
Adriana Alves da Silva
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Amanda Rodrigues Duarte
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Ana Paula Ferreira Gomes Gibim
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Emanuela Abbatecola
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